O empresário Donaldo Trump passou a campanha batendo nas políticas do presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Ganhou a eleição em resultado divulgado às 5h32.
Às 10h40 a imprensa no Brasil já repercutia o fato de que Obama não só telefonou para Trump como convidou o eleito para uma reunião de transição nesta quinta, pouco mais de 24h do resultado.
Tem transição em 24h nos Estados Unidos e Marília, em 37 dias não consegue fazer. E tem gente por aí achando que o Trump é louco. Sabe de nada inocente.
Não quer fazer como Bauru? Não quer fazer como São Paulo? Faça como os Estados Unidos. Mas comece essa transição, prefeito…
Na decisão que suspendeu a concorrência para privatizar o Daem, o desembargador Souza Meirelles, do Tribunal de Justiça de São Paulo, usa uma palavra pra dizer muito: suspender a concessão é um ato de prudência.
Vale para a concessão. Vale para todo o resto.
A cada dia a cidade descobre uma bomba relógio armada para explodir no colo do futuro prefeito e dos moradores de sempre. Cada previsão de rombo novo a explodir a partir de 2017 é uma previsão de prejuízo para a cidade.
E Marília em 37 dias não conseguiu abrir as contas da administração para quem vai assumir.
A cidade que passou quatro anos falando de avanços termina o mandato com um lixão como não havia desde 2011.
Só os problemas com a limpeza provocaram nos últimos 45 dias R$ 12 mil em multas que o cidadão comum vai pagar, fora as próximas a aparecer, fora a possibilidade de o novo prefeito ser obrigado a arrumar em cima da hora um transbordo para entulho de caçambas. Vem conta nova por aí…
E em 37 dias não conseguimos fazer nem uma reunião de transição.
Servidores da saúde estão com salários atrasados outra vez. O salário das merendeiras está atrasado mais uma vez.
E a cidade se perde na insistência para vender o Daem, montar um Plano de Carreira que é outra bomba relógio, inaugurar uma avenida cara, que vai do nada a lugar algum.
A cortina sobre os gastos, essa sensação de que a administração faz birra para passar a gestão adiante e os sinais cada vez mais claros de que há muita sujeira embaixo do tapete não só criam uma insegurança para os cidadãos como tornam qualquer iniciativa suspeita, comprometida.
E o desembargador que pediu prudência provavelmente não conhece metade desta história.
Prudência é o termo que ele usou com as informações que têm. Quem vive em Marília pode pensar em termos como respeito, maturidade, dignidade, decência.
Faltam 52 dias para a gestão acabar. Destes, pelo menos 20 serão finais de semana ou pontos facultativos com a prefeitura. Sobram 31 dias de gestão efetiva, de caneta na mão, de lixo pra pegar, de saúde para oferecer, de contas pra pagar e de proteção ao patrimônio.
Prudência é o mínimo que se pode esperar. E não precisava nem o desembargador falar.