O ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, morreu aos 90 anos neste sábado em Havana, dez anos depois de se afastar do governo do país por problemas de saúde. A morte, à 1h29, foi anunciada em TV pelo irmão de Fidel e atual presidente do país, Raúl Castro.
“Com profunda dor compareço para informar ao nosso povo, aos amigos da nossa América e do mundo que hoje, 25 de novembro do 2016, às 22h29, faleceu o comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz.”
Fidel acumulou seguidores e adversários em todo o mundo durante os 47 anos em que esteve à frente da pequena ilha que tornou-se a pedra no sapato do país mais rico do mundo, os Estados Unidos.
Filho de um latifundiário cubano que só reconheceu a paternidade anos após seu nascimento, Fidel teve boa educação em um país muito pobre e em 1950 formou-se em direito.
Em 26 de julho de 1953 participou de sua primeira insurreição contra o governo e com cerca de 150 pessoas atacou o quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em uma tentativa de derrubar o governante Fulgêncio Batista.
O ataque falhou, Fidel foi capturado e condenado a 15 anos de prisão. Em 1955 foi anistiado e fundou o movimento 26 de Julho, de oposição ao governo. Encontrou-se pela primeira vez com o revolucionário Ernesto ‘Che’ Guevara e se exilou no México.
Em 1957, junto com Guevara e mais 79 expedicionários, chegou a Cuba a bordo de um navio e tentou derrubar o presidente, mas foi surpreendido pelo Exército e derrotado.
Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, que conheceu no México pouco antes da revolução cubana
Fidel, seu irmão Raúl e Che conseguiram escapar e se refugiaram na Sierra Maestra, onde travaram combates com o governo. Em 30 e 31 de dezembro de 1958, as vitórias revolucionárias assustaram Batista, que fugiu de Cuba para a República Dominicana. Aos 32 anos, Fidel conseguiu o controle do país.
Em 1960, Fidel nacionalizou a indústria açucareira de Cuba, sem pagar indenizações. Três anos depois ele estatizaria as fazendas, ampliando a reforma agrária.
Em 1961, o governo proclamou seu status socialista. Houve uma fuga em massa dos ricos do país para Miami, nos Estados Unidos, que rompem as relações diplomáticas com Cuba.
Em abril, Castro formalizou Cuba como um estado socialista. No dia seguinte, cerca de 1,3 mil exilados cubanos apoiados pela CIA atacaram a ilha pela Baía dos Porcos, em uma tentativa de derrubar o governo.
Fidel Castro e o irmão, Raul, sucessor no governo do Cuba
O ataque foi um fracasso – centenas de pessoas foram mortas e quase mil capturadas. Os EUA negaram seu envolvimento, mas revelaram que os exilados foram treinados pela CIA. Em 1962, os EUA ordenaram o bloqueio econômico total à ilha, isolando o regime, uma política que se seguiu até a atualidade.
Durante seu governo foram criadas cerca de 10 mil novas escolas, e a alfabetização atingiu 98% da população. Os cubanos têm um sistema de saúde universal, que reduziu a mortalidade infantil para 11 a cada mil nascidos vivos.
Entretanto, as liberdades civis foram confiscadas. Sindicatos perderam o direito de realizar greves, jornais independentes foram fechados e instituições religiosas perseguidas.
Fidel será cremado ainda neste sábado. As cinzas serão enterradas em 4 de dezembro, na cidade de Santiago de Cuba, após percorrerem o país numa caravana de 4 dias. Cuba declarou 9 dias de luto oficial pela morte de Fidel Castro.