O.J. Simpson

Apesar da grande gafe da troca dos envelopes do vencedor de melhor filme do Oscar, não foi isso que me chamou a atenção, mas sim, o prémio de melhor documentário para “O.J.: Made in America”, produzido e realizado pela ESPN. Visto por mais 90 milhões de pessoas no mundo, eu também tive a oportunidade de assistir essa que considero a verdadeira história e tragédia americana.

Um belíssimo “filme” que mostra a ascensão e queda do mito do futebol americano. Um jovem brilhante, negro, em um dos países mais preconceituoso do mundo, que sobreviveu e venceu nos EUA na década de 70, quando ainda a polícia de Los Angeles não perdoava e espancava, prendia e até assassinava muitos afro-americanos simplesmente por sua raça e cor. O.J. teve tudo que qualquer um pode querer ter em sua vida, independente da sua cor: fama, poder, dinheiro e não soube aproveitar.

Ao invés de se tornar um exemplo de vencedor e mostrar a todos os afro descendentes não só da América, mas do mundo, como aquele negro que nasceu pobre e conquistou tudo que podia através do esporte, tornou-se um assassino. Matou em 1994 sua ex mulher, seu amigo e o pior, não foi condenado na época. Teve a sorte do seu julgamento se transformar não em um caso de assassinato, mas sim de racismo. Foi justamente absolvido por ser negro.

Ao ser absolvido não se mostrou humilde, arrependido para mudar de vida, mas continuou abusando da vida e da sorte achando que ela nunca iria deixa-lo. E ela o deixou, em 2008 quando comandou um assalto em Las Vegas para recuperar troféus e outras recordações. Foi condenado a 33 anos de prisão não por esse episódio, mas para reparação dos assassinatos que cometera 14 anos antes. Sairá esse ano por meio de uma condicional, provavelmente por bom comportamento na prisão.

Esse caso, é o típico conto americano que mostra como uma pessoa pode ir do céu ao inferno na sua vida e tem a chance de se transformar e não se transforma. O.J. provavelmente irá morrer sem admitir que matou e perderá a última grande chance da sua vida de se redimir com o povo americano e com a história.