Marília

Protesto cobra salários no Diário; ação pede despejo

Protesto cobra salários no Diário; ação pede despejo

Um grupo de funcionários do jornal Diário de Marília e das rádios Diário FM e Dirceu AM, fechados pela Polícia Federal em investigação de pelo menos cinco crimes, fizeram um protesto na manhã desta segunda-feira para cobrar pagamento de salários e direitos trabalhistas.

Além dos trabalhadores, as empresas acumulam dívidas em aluguéis, pagamento de fornecedores, prestadores de serviços, direitos trabalhistas e obrigações fiscais. Uma ação protocolada em dezembro de 2016, quando o jornal ainda estava aberto, pede despejo da empresa por falta de pagamento pelo aluguel do prédio na rua Coronel Galdino.

Os manifestantes levaram cartazes e faixas para a frente da empresa, lacrada desde 24 de janeiro, e depois seguiram para a porta da rádio 950, registrada em nome do deputado estadual Abelardo Camarinha, apontado pela Polícia e por testemunhas como verdadeiro dono do jornal e rádios fechados.

“Eu trabalho no Jornal Diario faz 22 anos, a empresa sempre foi do Abelardo Camarinha. Ultimamente administrada por Carlos Garrossino,  que negociava com clientes,  assinava contratos e estava presente no terceiro andar da empresa todos os dias”, disse uma das funcionárias antecipando informação que deve constar em ação trabalhista contra a empresa.

Avaliações indicam que as dívidas podem passar de R$ 20 milhões, o que torna o caso quase cômico: uma empresa com aproximadamente cem funcionários e uma dívida milionária não tem dono para ser cobrado.


Jornal e rádios foram fechados em operação que investiga denúncia de esquema fraudulento de falsificação, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. O caso provocou a Operação Miragem da Polícia Federal, que já teve duas fases para fechar as rádios em agosto de 2016 e o jornal neste ano.

Quando a empresa foi lacrada os funcionários já estavam sem receber salário e vale do mês, além de outros benefícios. O fechamento completou 42 dias e a situação financeira dos trabalhadores fica cada vez mais grave.

O jornal começa a acumular ações na Justiça Trabalhista em que os trabalhadores acusam Camarinha e seu principal assessor, Umberto Garrossino, de serem os verdadeiros proprietários e dirigentes da empresa, que está oficialmente registrada em nome de Sandra Norbiato, uma microempresária de Ribeirão Preto.

Sandra prestou em outubro depoimento em delação premiada em que confessou ser laranja de Camarinha no jornal, disse que tinha acordo para pagamento de R$ 2.500 por mês para assinar como proprietária. Ações na Justiça Trabalhista apresentam documentos que provam interferência de Camarinha e Garrossino na gestão e linha editorial do jornal.

O protesto deve incentivar uma nova leva de ações trabalhistas contra a empresa, o deputado e o assessor Garrossino. Pelo menos três funcionários presentes na manifestação disseram que o caso já está nas mãos de advogados.