Já não me lembro mais quando comecei a escrever. Me lembro que queria prestar letras só por causa da literatura, nunca fui bom em gramática. Aliás, só olho para ela quando tenho que estudar para esses míseros concursos que pedem português, matemática, conhecimentos gerais, específicos e pedagógicos. Um absurdo, um professor de história com mais de 15 anos de carreira ter que se prestar ainda a saber matemática e gramática para ministrar aulas de história. É por essas e outras que cada vez menos me atrevo a prestar tais concursos.

As palavras sempre me acompanharam, fazia muita poesia e pequenas crônicas na época de faculdade e continuei fazendo poesias por esses bares afora, principalmente depois do terceiro copo. As crônicas também continuei a escrever, porém, de uma forma melhorada, justamente por causa da gramática.

Por gostar delas, das palavras e das minhas crônicas, é que estou cada vez mais percebendo que as redes sociais estão perdendo a graça. Estou diminuindo a frequência que participo delas, os meus posts estão se resumindo a protestos contra as famigeradas reformas desse governo e ao mundo das palavras citando o “Sugismundo Freud, o Zé corneta e o Rosamundo, o pensador” do jornalista Roberto Malia.

Assim, como em outro que sempre me espirei e que considero um mestre, o Carlos H. Cony, estou ficando chato e cada vez menos com vontade de sair de casa e ficar preso apenas no mundo das palavras. O meu futebol de sábado à tarde, as idas na praia uma vez por ano, ver a minhas filhas uma vez por semana, e curtir a minha família em casa já me basta. Além de escutar uma boa música e escrever o que foi citado nesse mesmo parágrafo, o resto não mais me interessa.

Já não sinto prazer em me comunicar com mais ninguém pelo face ou algo assim. Quando me comunico, é por que realmente ainda sinto que essa pessoa é importante. No mais, faço pelos ossos do ofício ou por uma ou outra necessidade mesmo. O meu mundo que não é globalizado, está ficando cada vez menor e sinto que está bom assim. Continuo amando a todos que me cercam, porém, cada vez mais, irei me dedicar apenas às palavras.