Marília

Cidade tem protestos com baixa adesão à greve geral

Cidade tem protestos com baixa adesão à greve geral

O dia nacional de protestos contra as reformas da previdência e trabalhista paralisou até 90% das escolas estaduais, segundo da Apeoesp, interrompeu transporte urbano por pouco mais de uma hora, suspendeu atendimento na agência da Caixa Econômica Federal do centro e parou a Justiça Federal em Marília.

A manifestação também provocou uma passeata que interditou ruas do centro e fechou a avenida Sampaio Vidal para uma concentração em frente à prefeitura.

Além dos 16 sindicatos envolvidos na convocação do protesto, a manifestação atraiu estudantes, servidores de órgãos federais como a Receita, os Correios e a Justiça do Trabalho.

A juíza Daniele Comin Martins, foi à manifestação com uma filha e participou da passeata. Disse que a reforma retira muitos direitos dos trabalhadores. Ela já havia assinado com outros dois juízes do fórum trabalhista de Marília um manifesto contra a reforma. Segundo a juíza, a reação foi muito boa.

“Houve muito compartilhamento nas redes sociais, temos recebido muito apoio na Justiça, pessoas que nos parabenizam pela postura. Nós somos operadores da lei, se a gente não explicar ao trabalhador, quem mais poderia explicar?”

O auditor da Receita Federal Luiz Benedicto, acompanhou um grupo de servidores do órgão na manifestação em apoio aos trabalhadores.

“Nós podemos sentar e discutir mudanças, mas essas mudanças não estão sendo discutidas com ninguém, são gestadas em gabinetes, são gestadas em conchavo com interesses econômicos mas não dos trabalhadores. Reformar, consertar sim. Destruir não.”

Segundo Irton Siqueira Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e coordenador da frente de sindicatos, não houve paralisação de grandes empresas ou greve em fábricas e redes do comércio.

Alguns servidores municipais aderiram à paralisação e assinaram uma lista que será usada pelo Sindicato da Categoria para negociar o abono da falta, compensação ou outra forma de acordo que impeça o desconto do dia.

A paralisação dos ônibus, acertada às 8h30, provocou irritação entre alguns usuários que pretendiam embarcar no Terminal Urbano, no centro. Um acordo para evitar conflitos e confrontos com manifestantes deixou os ônibus parados no terminal e parte deles nas garagens das duas empresas. O acesso ao Terminal ficou liberado durante o protesto.

O pedreiro Luis Alves Pereira foi ao centro agendar atendimento de ambulância para o pai e pretendia voltar para casa para fazer o almoço do pai, acamado, e reclamou de ser obrigado a esperar parado no centro. “A gente tem compromisso. Por que não começou a greve na garagem? Por que tirar os ônibus, fazer a gente sair de casa e ficar preso no centro?”

O vice-presidente do Sindicato dos Motoristas, Josué Matos, disse que a entidade negociou com as empresas uma forma de suspender o serviço para envolver a população no debate sobre a perda dos direitos.

“A gente sabe que é difícil para a população, mas pede a compreensão de que estamos brigando pelos direitos de todos os trabalhadores”, afirmou.

Bancários chegaram a discutir o fechamento da agência do Banco do Brasil, mas apenas a Caixa do centro teve adesão ao protesto.

Houve concentração de manifestantes na rua 9 de Julho, ao lado da Galeria Atenas, de onde saiu uma passeata  que chegou a ocupar três quarteirões da rua São Luiz e interditou as quatro pistas da Sampaio Vidal.

Em frente à prefeitura diferentes manifestantes se revezaram nos discursos, incluindo um grupo de estudantes do Colégio Cristo Rei.