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Morre o músico e compositor Belchior, 70

Morre o músico e compositor Belchior, 70

O cantor e compositor Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, conhecido como Belchior, morreu na madrugada de hoje (30), aos 70 anos, no Rio Grande do Sul.

Um dos ícones da MPB, Belchior, natural de Sobral, no Ceará, é autor de sucessos como Medo de Avião, Apenas um Rapaz Latino-Americano e Como Nossos Pais. Ainda não há informações sobre a causa da morte.

O artista deixou de fazer shows entre 2007 e 2008, e sua última entrevista para um veículo de imprensa foi concedida em 2009. Desde então, não se teve mais notícias do artista e a pergunta “Onde está Belchior?” tem ecoado em diferentes cantos do país, verbalmente ou escrita em muros e páginas nas mídias sociais, geralmente acompanhada da silhueta característica do músico.

Belchior se mudou para o Rio de Janeiro em 1971 e venceu o IV Festival Universitário da MPB com a canção “Na Hora do Almoço”, cantada por Jorge Melo e Jorge Teles. A música marca sua estréia em disco com um compacto do selo Copacabana.

“Mostrando que havia uma nova música popular brasileira sendo feita no Nordeste, especialmente no Ceará, que dava continuidade à tradição mas queria de alguma forma romper com ela”, diz ele em entrevista. 

Em 1976, durante a escolha das músicas para o repertório do show “Falso Brilhante”, de Elis Regina, uma fita K7 com canções de Belchior e o telefone do músico chegou às mãos da cantora. Ela havia chamado para trabalhar no show o jovem produtor Marco Mazzola.

Com 28 anos, ele acabara de trabalhar em discos de Raul Seixas, Jorge Ben e Gilberto Gil. Um dia ela chamou Mazzola para ouvir aquelas canções e “Velha Roupa Colorida” e “Como Nossos Pais” foram escolhidas para o repertório do show e do disco de Elis que seria lançado posteriormente.

Em nota publicada nas redes sociais, o governador do Ceará, Camilo Santana, lamentou a morte do cantor e decretou luto oficial de três dias no estado.

Em 1982, o cantor lançou “Paraíso”, que tem participações dos àquela época ainda jovens artistas Guilherme Arantes, Ednardo Nunes, Jorge Mautner e Arnaldo Antunes. Fundou sua própria gravadora e produtora, a Paraíso Discos, em 1983. Ao longo da carreira, Belchior teve mais de 20 discos lançados.

Também gravou composições outros artistas, como “Romaria”, de Renato Teixeira. No disco “Vício elegante”, de 1996, canta apenas músicas de colegas, entre elas “Almanaque”, de Chico Buarque, “Esquadros”, de Adriana Calcanhoto, e “O nome da cidade”, de Caetano Veloso.

“Recebi com profundo pesar a notícia da morte do cantor e compositor cearense Belchior. Nascido em Sobral, foi um ícone da música popular brasileira e um dos primeiros cantores nordestinos de MPB a se destacar no país, com mais de 20 discos gravados. O povo cearense enaltece sua história, agradece imensamente por tudo que fez e pelo legado que deixa para a arte do nosso Ceará e do Brasil”, disse Santana.