Um relatório em auto de fiscalização lavrado por dois fiscais da Receita Federal com a indicação de Carlos Umberto Garrossino como administrador da CMN e o jornal Diário de Marília cita o deputado estadual Abelardo Camarinha e o ex-prefeito Vinícius Camarinha como responsáveis pela empresa.
Garrossino é atualmente servidor comissionado na Assembleia Legislativa e há 40 anos atua como o principal assessor do deputado e ex-prefeito Abelardo Camarinha.
O documento é resultado de anos de investigação da Receita sobre a movimentação financeira e fiscal das rádios Diário FM, Dirceu AM e do jornal Diário, todos fechados por ordem do Tribunal Regional Federal.
A investigação do caso provocou nesta semana uma denúncia formal do Ministério Público contra Camarinha, Vinícius, Garrossino e mais sete pessoas acusadas de pelo menos cinco crimes.
A denúncia do Ministério Público Federal ganhou repercussão nacional e colocou o escândalo de Marília, mais uma vez, em noticiário de grandes veículos, como a revista Época e o jornal O Estado de S.Paulo.
O relatório da Receita é documento final em um processo que apurou todos os valores de impostos e recolhimentos devidos pelas empresas. Não há informações sobre os valores apurados.
Segundo os auditores, até dezembro de 2011 o empresário Carlos Francisco Cardoso, respondia pelos débitos. A partir daí, Camarinha e o filho são indicados como substitutos fiscais e Garrossino é apontado como gestor das empresas.
A identificação partiu da constatação pessoal dos auditores da atuação de Carlos Garrossino, encontrado repetidas vezes como gestor em diferentes setores da empresa. Garrossino teria dito à Receita que foi “contratado para prestar consultoria” na gestão da CMN. A fiscalização iniciada em 2012 se estendeu por meses em que os fiscais estiveram dentro da empresa analisando relatórios e documentos fiscais.
A blitz não teria constatado caso de sonegação, mas identificou dívidas e casos de tributos que a empresa reconheceu o débito mas não adotou as medidas legais de registro e encaminhamento. A auditoria da Receita orientou um processo de refinanciamento dos débitos.
O documento serviu como suporte da investigação da Polícia Federal sobre as empresas, instaurada inicialmente para investigar situações de improbidade administrativa, falsidade ideológica e uso de documento falso, já que a empresa seria gerida pela família Camarinha mas foi oficialmente registrada em nome dos laranjas Sandra Mara Norbiato e Marcel Augusto Certain.
Em outubro do ano passado, Sandra fez um acordo de delação premiada em que confessou ser laranja de Camarinha. Marcel, irmão do empresário Antonio Carlos dos Santos – que é ex-marido de Sandra – teria lavrado uma escritura em cartório em 2013 assumindo a condição de laranja.