Começo explicando o porquê do nome da coluna dessa semana: “Meu filho meu mundo”.
Antes mesmo de imaginar que um dia seria fonoaudióloga, assisti a um filme com esse titulo que marcou demais a minha vida e hoje tenho certeza que teve alguma influência na minha escolha profissional. O filme conta a história de Ruam que era um saudável e feliz bebê. Com o passar dos meses, seus pais começam a observar que há alguma coisa estranha com ele, sempre com um ar ausente. Um dia vem a confirmação do que suspeitavam… Raun era autista.
Decidem então penetrar no mundo da criança, acreditando que somente o milagre do amor poderia salvá-lo. Então lutaram para preservá-lo das discriminações da sociedade. E com muito amor e carinho ensinam tudo que ele precisava saber. Sem dúvida a história mais bonita da relação mãe e filho que eu já vi.
Mas o que é autismo?
A partir do último Manual de Saúde Mental – DSM-5, que é um guia de classificação diagnóstica, o Autismo e todos os distúrbios, incluindo o transtorno autista, transtorno desintegrativo da infância, transtorno generalizado do desenvolvimento não-especificado (PDD-NOS) e Síndrome de Asperger, fundiram-se em um único diagnóstico chamado Transtornos do Espectro Autista – TEA.
O TEA é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos. O TEA pode ser associado com deficiência intelectual, dificuldades de coordenação motora e de atenção e podem apresentar condições como síndrome de déficit de atenção e hiperatividade, dislexia ou dispraxia. Na adolescência podem desenvolver ansiedade e depressão.
Algumas pessoas com TEA podem ter dificuldades de aprendizagem em diversos estágios da vida, desde estudar na escola, até aprender atividades da vida diária, como, por exemplo, tomar banho ou preparar a própria refeição. Algumas poderão levar uma vida relativamente “normal”, enquanto outras poderão precisar de apoio especializado ao longo de toda a vida.
O autismo é uma condição permanente, a criança nasce com autismo e torna-se um adulto com autismo.
Assim como qualquer ser humano, cada pessoa com autismo é única e todas podem aprender.
As pessoas com Transtornos do Espectro Autista podem se destacar em habilidades visuais, música, arte e matemática
• A maioria das pessoas com autismo é boa em aprender visualmente;
• Algumas pessoas com autismo são muito atentas aos detalhes e à exatidão;
• Geralmente possuem capacidade de memória muito acima da média;
• É provável que as informações, rotinas ou processos uma vez aprendidos, sejam retidos;
• Algumas pessoas conseguem concentrar-se na sua área de interesse especifico durante muito tempo e podem optar por estudar ou trabalhar em áreas afins;
• A paixão pela rotina pode ser fator favorável na execução de um trabalho;
• Indivíduos com autismo são funcionários leais e de confiança;
Mas na verdade é necessário ter em mente que, antes de qualquer coisa, somos todos diferentes (Bato sempre nessa tecla.)Esta diferença pode ser vista não só por nossas características físicas, mas também por nossas escolhas. Optamos por cores, gostos e sons. Algumas pessoas são introvertidas, outras não. Tem gente que corre de manhã, outros só fazem levantamento de controle remoto. Tenho amigos que falam gesticulando.
Eu mesma, se durante uma conversa amarrar minhas mãos fico muda… rsrs. E é nesta diferença que mora a graça de viver. O ato de se comunicar não é diferente. Que graça teria se todos nós gesticulássemos ou se todos gostassem de falar com os braços cruzados? O que tornaria algumas conversas momentos memoráveis? Amigos perderiam características por serem todos iguais. Pessoas não teriam identidade.
Com a criança autista isso fica claro, eles são diferentes e apresentam características próprias,
A vida do autista até pode ser fácil, mas a convivência que é o desafio maior, pelo fato de ter que viver com o outro, mesmo que indiretamente, desenvolvendo a tolerância, o perdão e seu senso de solidariedade entre outros, comprova que onde há sentimentos não existe aprendizado dissociado da prática.
Os autistas estão aí, mostrando que vieram para fazer parte do todo, abrindo caminho para que os pesquisadores e terapeutas se surpreendam com os avanços apresentados por eles dia a dia.Únicos em emoções e sentimentos, os autistas são pequenos notáveis, não nascem prontos, são moldados e guiados para apresentarem uma vida normal.
Sempre me interessei pela forma como as pessoas interagem. Pela minha formação em fonoaudióloga, por trabalhar com pessoas com deficiência, e também, por ser uma apaixonada por gente. Muito além do pensamento abstrato, existe um local em nossa mente onde residem todas as nossas vontades. Trata-se do sistema límbico, uma região do nosso cérebro onde se localizam várias estruturas que possuem, entre outras funções, o controle de nossas emoções e desejos. Essa característica é inerente ao ser humano. Tenha ele uma deficiência ou não.
Sem dúvida, esta experiência em ajudar a mudar o destino e o prognóstico de crianças autistas é muito gratificante, mas ingredientes como fé, coragem, aceitação, amor, carinho, respeito e inclusão são indispensáveis para o sucesso desse trabalho. Não esquecendo nunca que a intervenção precoce é a melhor solução.
Respeitem as diferenças e amem muito, pois o Caminho é o amor…