O STF, principal corte judicial do país, decidiu que a taxa de bombeiros é ilegal. O site oficial da corte diz que não deve ser cobrada em nenhum município. Marília cobra, com discussões, a tal taxa há anos.
Daniel Alonso, o prefeito da mudança prometida na campanha, ganhou a chance de fazer história e determinar de forma imediata o fim da cobrança. Mas preferiu usar as brechas legais para cobrar e defender a taxa indefensável.
Vai manter a cobrança e talvez consiga com as tais brechas até arrastar essa arrecadação por algum bom tempo. Mas a que custo? O próximo passo no caminho da mesmice é perguntar: “eu desisto da taxa, mas de onde tiro dinheiro?”, como todos os outros antes justificaram inúmeras medidas injustas e de pressão sobre a sociedade.
As muletas judiciais que Daniel escolhe para a cobrança capenga não têm prazo de vencimento. Mas é essa a mudança de postura que a cidade esperava?
Vão impedir uma herança maldita ou provocar alguma economia se for preciso devolver o dinheiro? Ou será apenas um problema que se joga para administrações futuras? As dívidas que Daniel paga não começaram assim?
A gestão de Daniel Alonso, com menos de seis meses, sofre mais por erros formais que pelo conteúdo de suas medidas e parece gostar da situação.
A taxa bizarra que será mantida por orientação da procuradoria jurídica, estará bem acompanhada por uma odienta contribuição de iluminação pública, que a prefeitura cobra por um serviço que não faz e um dia talvez, quem sabe, possa vir a fazer.
Rende pouco, mas em tempo de crise Daniel não vê nada demais em manter esse rendimentozinho descabido à custa do cidadão. Muito mais do mesmo.
Some a isso alguns escorregões administrativos que transformam o Diário Oficial em uma montanha russa – leia e aguarde um susto – e lá vai Daniel sofrer desgastes absolutamente desnecessários.
Pode ser a suspensão de um concurso um dia após o fim das inscrições sem qualquer orientação aos candidatos; pode ser uma mudança no acordo para pagar aposentados; pode ser a mudança da biblioteca sem qualquer apresentação orientação.
Passa ao cidadão a mensagem de que “a administração vai fazendo e se der errado, se alguém perceber, se a justiça mandar, a gente explica depois”.
Nada de ilegal até agora. Nada pior que os muitos desmandos do passado. Apenas mais do mesmo, de um jeito de governar longe do cidadão.
E aqui parece estar um dilema para a gestão de Daniel Alonso: com quem o prefeito conversa? A quem ele ouve? Tem informações fora do grupo de amigos e assessores?
Nessa toada, Daniel pode ganhar uma arrecadação extra, pode ir tocando a cidade como quer, pode até ser reeleito. Só não pode ser a mudança que prometia ser e que representava. Uma mudança que envolve mais que uma gestão tecnicamente eficiente, envolve buscar justiça social – como desistir da tal taxa – e renovação não só de nomes, mas de jeito de fazer e de postura no relacionamento com a sociedade.