O contrato de transferência do volante Paulinho, que trocou Guangzhou Evergrande pelo Barcelona, passou por Marília. Especificamente por um escritório de advocacia que em 48 horas recebeu a obrigação de fazer e negociar as cláusulas do contrato entre os clubes, documento que precisa seguir normal internacional e regulamento da Fifa.
Alex Sandro Gomes Altimari, 40, advogado por trás do trabalho, é formado em Marília, onde mantém escritório e em São Paulo. Já assinou outros contratos de vulto, como a ida do “profeta” Hernanes para o São Paulo, em julho deste ano. A transferência de Paulinho foi a quarta maior transação comercial da história do Barcelona.
A negociação anunciada nesta segunda começou há meses, teve momentos tensos e acabou suspensa. Até a madrugada do sábado. “Acordei com o telefonema do empresário pedindo o contrato com urgência. A imprensa já falava da transação. Já anunciavam a venda e não havia nada assinado”, contra o advogado.
Nas 48 horas entre o primeiro telefonema e a conclusão do acordo nesta segunda, Alex Altimari fez no escritório e em sua casa em Marília os termos do contrato, dormiu apenas cinco horas.
Foram pelo menos 45 emails trocados com o departamento jurídico e demais membros da equipe do Barcelona e com o cliente, pelo menos três horas de telefonemas e centenas de mensagens trocadas.
Recebeu a versão final às 5h59 desta segunda. Às 7h30 tinha o contrato pronto e em acordo com o Barcelona marcou o anúncio oficial para às 8h do Brasil, 19h na China.
Representa dizer que ele negociou com pelo menos seis representantes do Barcelona, apresentou detalhes a dirigentes do clube na China e teve apoio de um advogado de sua equipe em São Paulo, além de acompanhamento de uma tradutora.
Alex Sandro Altimari, advogado de escritório em Marília que negociou termos do contrato do Barcelona com Guangzhou – Reprodução
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Especializado em direito administrativo e tributário – que ainda é o foco principal do escritório – Alex Altimari chegou ao mercado esportivo após uma temporada como advogado do MAC (Marília Atlético Clube) entre 2002 e 2007.
Após o desligamento do clube, onde negociou transações em diversos pontos do país, foi procurado por um empresário para auxiliar um negócio. O primeiro caso levou a outros empresários e clubes. E virou uma carteira de sucesso.
Já passaram pelo escritório em Marília contratos dos técnicos Felipão, Mano Menezes e Cuca, a ida de Hernanes para a Itália –antes de ir à China -, a transferência de Casemiro e até a venda do clube Desportivo Brasil, que negociado passou a funcionar como empresa.
O escritório não entra na negociação do atleta. Não discute valores de passe, salários ou obrigações do jogador. Mas trata da relação entre os clubes e cláusulas que podem prejudicar ou até impedir as transações.
No caso do Guangzhou e Barcelona, discutiu casos como prazos de pagamentos, detalhes da apresentação de declaração de dados à Fifa, questões tributárias, além de mediar questões culturais que são sempre muito diferentes em cada país.
Os documentos saem em e-mails e até redes de mensagens, com arquivos protegidos e cláusulas checadas uma a uma. Os contratos influenciam até quem vai anunciar a venda e quando ela será anunciada.
