Marília

Após 80 anos, Marília fica sem rádios; emissoras no ar são de outras cidades

Após 80 anos, Marília fica sem rádios; emissoras no ar são de outras cidades

A decisão judicial que suspendeu as transmissões das rádios Itaipu FM e Clube FMno dia 8 de setembro fez mais do que provocar um escândalo: provocou uma viagem no tempo em que a cidade de Marília retrocedeu à década de 1930. Pela primeira vez em 80 anos, ouvintes não podem acessar nenhuma rádio com sede na cidade.

Mais que a perda de uma atividade histórica e que teve no setor um celeiro de talentos, as medidas judiciais revelam ainda um problema de conduta: em todos os casos, as rádios deixaram de atuar por acusação de usos ilegais das concessões públicas.

As três rádios acessíveis com maior potência de sinal e penetração no público da cidade, apresentam-se como emissoras de Marília, mas não são. São duas FMs e uma rádio AM com público, antenas ou estúdio na cidade, mas com sedes na região. Há ainda uma novidade, revelada nesta terça-feira, dia 12.

A Jovem Pan Marília, nome fantasia adotado para a rádio Studio 100 FM, tem sede e concessão para a vizinha cidade de Oriente. Mantém os transmissores em Marília, no distrito de Padre Nóbrega, e retransmite na região programação do grupo Jovem Pan, com sede em São Paulo, e alguns programas locais, como jornalismo.



O cadastro da Receita Federal a partir do CNPJ indicado no registro da Anatel, aponta o advogado Silvio Guillen Lopes e Rosemary Bettine Guilen Lopes como os proprietários da emissora. Mas o advogado diz que vendeu a emissora e os novos proprietários não atualizaram o registro. Em nota enviada ao Giro, o advogado aponta o que chama de esclarecimentos sobre o caso.

Olá, Tomando ciência da publicação de uma reportagem, na data de ontem, intitulada “Após 80 anos, Marília fica sem rádios; emissoras no ar são de outras cidades”, eu, Silvio Guilen Lopes, referenciado no texto, tenho alguns esclarecimentos que gostaria que fossem noticiados para que sejam evitadas confusões. O texto da reportagem indica que “o cadastro da Receita Federal a partir do CNPJ indicado no registro da Anatel, aponta o advogado Silvio Guillen Lopes e Rosemary Bettine Guilen Lopes como os proprietários da emissora”.

Tenho a esclarecer que, a despeito do informado pela Receita Federal, a emissora foi vendida para Vicente Girotto e outro nos idos, ainda, de 2009, tendo os adquirentes sido recalcitrantes, até hoje, na regularização da representação da emissora junto aos órgãos competentes, incluindo, aí, a Receita.

Os ora solicitantes inclusive formalizaram notificação aos adquirentes retardatários solicitando a imediata regularização da transferência, sob pena de tomada de medidas judicias pertinentes. São estes os fatos que acredito que mereçam ser pontuados. Atenciosamente, Silvio Guilen Lopes.“

A Campestre FM tem sede e transmissores em Garça, cidade a 30km de Marília. Transmite pela frequência 104,5 e no último ano, desde o fechamento da rádio Diário FM, incorporou apresentadores e profissionais com carreira na cidade.

Embora o empresário Marcos Juliano, que é de Marília e foi candidato a prefeito em 2016, seja identificado como dirigente da rádio, o registro da Receita Federal com número cadastrado na Anatel indica César Sanzone e Sílvio Sanzone Segundo como os proprietários.

A Rádio 950 AM, registrada como Rádio Clube de Vera Cruz, tem o estúdio na avenida Sampaio Vidal mas o registro e transmissores em Vera Cruz. O cadastro da Jucesp aponta o radialista Wilson Mattos e o deputado Abelardo Camarinha como sócios da rádio.

A rádio Clube, que saiu do ar na quinta-feira em decisão judicial liminar – que pode ser suspensa em eventual recurso – além de ser a última rádio AM em atividade com sede em Marília era também a mais antiga: iniciou as transmissões em 1936.