O desembargador Fausto Martin de Sanctis, 53, um magistrado com fama de linha dura, é o novo responsável pelo processo federal da Operação Miragem, que investiga falsificação e outros crimes comuns na compra, registro e comando das rádios Diário FM, Dirceu AM e do jornal Diário em Marília.
O processo tem como acusados o ex-prefeito e deputado estadual Abelardo Camarinha e seu filho, também ex-prefeito, Vinícius Camarinha, e mais oito pessoas ligadas aos políticos e às empresas.
Fausto de Sanctis assumiu definitivamente o caso como sucessor da desembargadora Cecília de Mello, que se aposentou. Poucos dias antes de assumir o caso, fez uma contundente participação no primeiro Simpósio de Combate à Corrupção realizado pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF).
“Ouvi há pouco a questão da não punição da política. É claro, a questão não é se está punindo a política. A questão é o seguinte: quantas condenações e talvez prisões vão precisar para os políticos do Brasil entendam que corrupção é crime?” No mesmo evento, o desembargador criticou a ‘ousadia e volúpia dos nossos políticos em abocanhar o espaço público em seu próprio benefício’.
Formado em Direito pela FMU, Fausto de Sanctis é especialista em Direito Processual Civil pela Universidade de Brasília e doutor em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP).
Ficou famoso por sua atuação em processos de combate ao crime de lavagem de dinheiro e por casos famosos e de repercussão que chegaram a provocar ordens de prisão como as do Daniel Dantas, do megainvestidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta.
Foi procurador do município de São Paulo, procurador do Estado de São Paulo e juiz federal criminal. Por duas vezes integrou a lista da Ajufe (Associação dos Juízes Federais) para indicações ao STF (Supremo Tribunal Federal). De Sanctis ingressou na 6ª Vara Federal em 1991, com 27 anos. Desde então, reuniu condenações de peso.
MIRAGEM
O processo contra os dez acusados pelas fraudes com jornal e rádios em Marília é resultado de um inquérito iniciado em 2014 e que em agosto de 2016 provocou a lacração das rádios Diário FM e Dirceu AM por atuação clandestina – os registros de concessão estavam vencidos – e uma série de buscas e apreensão de documentos nas empresas, além das casas e escritórios de Abelardo e Vinícius Camarinha e até na prefeitura.
Em outubro de 2016 o caso foi agravado por uma delação premiada da empresária Sandra Mara Norbiato, de Ribeirão Preto, que figurava como dona das emissoras e jornal e nunca esteve nas empresas. Em janeiro deste ano o jornal Diário de Marília foi lacrado pela PF na segunda fase da operação.
Além do processo federal, a operação resultou em uma pilha de ações trabalhistas em que Camarinha e Vinícius são acusados de serem donos ocultos das empresas. Há expectativa sobre eventuais novas fases de investigações provocadas pelos documentos apreendidos durante as buscas de 2016.