O novo pão e circo

Não é a primeira vez que a maior emissora do país se constrange com acontecimentos históricos nessa nossa pátria mãe gentil. Já devo ter mencionado em outras crônicas que Durante a campanha das “Diretas-já”, em 1984, a Rede Globo só transmitiu a maior manifestação popular até então, porque não tinha mais jeito, todas as outras mídias já mostravam os grandes comícios, principalmente em SP.

Segundo o colunista Mauricio Stycer do UOL, a Globo demorou mais de 12 horas para se redimir do erro de não dar ao vivo, a devida importância para o desfile da escola de samba carioca Tuiuti. Não era para menos, a gigantesca emissora graças ao Regime Militar de 64, sempre se eximiu de suas responsabilidades para com os menos favorecidos. O problema, é que o povão que assiste suas novelas não percebe isso.

Não vou me atrever a falar do desfile da escola pelo motivo que não assisti, e o mundo todo praticamente já falou dele. Vou falar sim, da política do “pão e circo”, mas não a romana e sim, da carioca. O Rio de Janeiro é uma tragédia e seus governadores repetem alguns dos piores imperadores romanos. Enquanto muitos estavam brincando o carnaval da “cidade maravilhosa”, tantos outros sofriam assaltos e violências, inclusive em bairros nobres. O pão em tempos modernos se transformou em carnaval e o circo nos arrastões.

A escola de samba Mangueira protestou contra o prefeito Marcelo Crivella que cortou a ajuda para as escolas desfilarem, porém, sem o motivo de envolver a religião nesse “pão”. Ele tem razão, não pela sua religião, mas sim, pelo caos que a cidade se transformou, ao invés de gastar com os desfiles, nada mais justo que gaste com a segurança. Se bem que esse problema é muito mais do Estado do que do município.

Há anos temos que o Estado se transformou em terra sem lei, aliás, com lei sim, dos traficantes e dos milicianos. A questão agora, é que as barbáries ocorridas durante o carnaval aconteceram em Copacabana e Ipanema, bairros junto com o Leblon, muito mais vigiados.