Um encontro nesta sexta-feira (16) em Marília vai apresentar, aprovar e dar o primeiro passo para implantação do Plano de Manejo da Estação Ecológica de Marília, uma conquista de 2010 que segue apagada e pode mudar a relação de cuidado com a biodiversidade em torno do rio Tibiriçá, na norte da cidade, e em diversas propriedades rurais na região.
O plano de manejo foi desenvolvido pelo corpo técnico do Instituto Florestal com apoio de técnicos e ambientalistas de Marília. A ONG origem Associação Ambientalista participa do projeto. O estudo aponta a regulamentação das diretrizes para que a região permita a formação de um polo de preservação em torno do Tibiriçá.
A implantação da Estação Ecológica cria uma área de “proteção integral” que só pode ser utilizada para preservação da natureza e pesquisas cientificas, sendo que sua utilização social deve ser somente para a educação.
Entre as medidas a serem discutidas nesta sexta, estão as diretrizes de atuação e impactos para uso de propriedades rurais ao lado da estação e a definição da chamada Zona de Amortecimento.
Trata-se de uma faixa de terra em tono da Estação que, mesmo fora da unidade, sofre medidas de controle de uso e ocupação. Ambientalistas ligados à ONG Origem de Marília defendem que esta zona tenha 2.000 metros de extensão em toda margem da estação.
“Propomos que as áreas atingidas por essa restrição ambiental tenham das instituições governamentais o apoio e incentivos para uma transição da atual forma de manejo do solo para um sistema agroecológica”, explica o agrônomo José Augusto Carvalho Leme, integrante da Origem.
Alguns dos impactos podem ser a proibição da pulverização aérea de agroquímicos, maior rigor em processos de licenciamento ambiental, proibição de emprego de fogo na zona de amortecimento, controle sobre plantio de transgênicos e rigoroso controle do manejo de solo.
Em levantamento promovido em 2010, quando a estação foi criada, pesquisadores identificaram pelo menos 129 espécies pertencentes a 45 famílias, incluindo seis em risco de extinção. A estação ecológica possui área de 607,14 hectares e “tem por objetivo a preservação dos ecossistemas e processos ecológicos, em zona de grande relevância ambiental”.
Ocupa área ao lado do manancial do rio Tibiriçá e da rodovia BR-153. A vegetação predominante é do tipo Floresta Estacional Semidecidual, em cujo interior situam-se nascentes que compõem o manancial da Bacia Hidrográfica Aguapeí-Peixe.
“Os estudos geográficos do município de Marília apontam que a cidade está em toda sua extensão situada sobre o ramo ocidental da Serra dos Agudos que a atravessa de leste a oeste (englobando inclusive os municípios vizinhos). Os rios então, nascem nestas serras e fluem para dois lados: norte (para o Rio Aguapeí) ou sul (para o Rio do Peixe). A região tem pouca vegetação nativa, há predomínio de campos abertos e vegetação rasteira”.
“Os corredores ecológicos são fundamentais para a recuperação da biodiversidade pelo simples fato da necessidade que de que seja alimentada a diversidade e o número das espécies no rio Tibiriçá, o que novamente nos remete a pensar sobre o formato estreito da estação, o que a torna mais vulnerável”, diz o agrônomo. O encontro é aberto à comunidade e acontece às 14h no Sindicato Rural de Marília situado a rua Catanduva, 131.