Marília

Câmara aprova CPI da Merenda e investiga desperdício de carne

Câmara aprova CPI da Merenda e investiga desperdício de carne

A Câmara de Marília aprovou no início da noite desta quinta-feira por nove votos a três a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) destinada a investigar o desperdício de pelo menos sete toneladas de carne comprada para uso na merenda escolar de Marília e deteriorada na Cozinha Piloto.

Os integrantes da comissão ainda deverão ser indicados pela direção do legislativo, que tem prazo de cinco dias para a nomeação dos responsáveis pela investigação.

A instalação da CPI foi uma iniciativa do vereador Luiz Eduardo Nardi com apoio da grande maioria dos vereadores ao requerimento, que chegou a ser apresentado com apenas cinco nomes e nos dias seguintes atraiu quase todos os parlamentares. Os 13 vereadores se manifestaram sobre o caso antes da votação e anteciparam o resulotado. 

A proposta chegou para discussão com apoio de Nardi, Danilo da Saúde, Maurício Roberto, Mário Coraíni Júnior, Albuquerque, João do Bar, Evandro Galette, José Luiz Queiroz, Professora Daniela e Wilson Damasceno. Durante a discussão Albuquerque mudou de lado e votou contra, com Cícero do Ceasa e Marcos Rezende que também rejeitaram a criação da CPI e foram derrotados.

Nardi destacou a diferença entre a criação da CPI e uma Comissão Processante, que poderia processar o prefeito Daniel Alonso. A CPI apenas produz um relatório de investigação e encaminha a outros serviços, como Ministério Público ou Tribunal de Contas. E recebeu apoio.

“Acho essencial essa transparência no poder Legislativo e essa Câmara sempre promoveu essas CPIs, não envergonharam a população”, disse o vereador Mário Coraíni Júnior, um dos primeiros a assinar a proposta.

Coraini lembrou que o caso pode embutir boicote, ações políticas e que a Câmara tem insenção para investgar com maior liberdade que servidores em processos administrativos. Destacou ainda que outras denúncias de problemas com a merenda nunca avançaram na prefeitura ou no Ministério Público e que é importante que a Câmara chegue a conclusões comprovadas. “Podemos até pedir a extinção.”

José LUiz Queiroz e Maurício Roberto, que visitaram a Cozinha piloto logo após a revelação do problema, destacaram a importância de a CÂmara participar na apuração e investigar as caiusas do desperdício. Marcos Custódio, que cumpre segundo mandato e votou a favor, disse que a CPI tem indicação de seriedade que outros pedidos no passado não tiveram.

O presidente da Câmara, Wilson Damasceno, que havia assinado o requerimento, declarou apoio à CPI apesar de não votar. Ele só participaria em caso de empate. Disse que além da importância da investigação não viu em nenhum momento qualquer manifestação do prefeito Daniel Alonso contra a instalação da comissão.

O escândalo da merenda começou como extensão da crise provocada pela demissão do ex-secretário da Educação, Beto Cavallari. A carne apodreceu na geladeira no prazo entre a demissão, a nomeação do sucessor e uma vistoria na Cozinha Piloto.

Além disso, no primeiro dia em que a prefeitura divulgou o desperdício da carne, circularam fotos  que seriam dos produtos deteriorados, mas mostravam alimentos que a Educação não comprou. Apenas muitos dias depois a prefeitura divulgou nota acusando a falsidade das imagens que circularam nas redes sociais.

Em relatório oficial sobre o caso, a Educação indica que um possível pico de perda de energia prejudicou a conservação da carne em uma câmara fria improvisada, o que provocou a perda dos alimentos. O relatório confirma que 7.000 quilos de carne foram descartados.