Faixas em grandes avenidas para orientar moradores e equipes uniformizadas de atendimento lançaram nesta sexta-feira em Marília pacote de ações práticas para encaminhar moradores em situação de rua. A campanha pede que moradores não deem esmolas.
A campanha divulga número de telefone para que moradores acionem as equipes de atendimento e orientação e é resultado do trabalho de uma coalização de serviços públicos e comunidade lançada em 2017 para cuidar do problema na cidade.
A secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Wania Lombardi, explica que a campanha incentiva mecanismos de encaminhamento dos pedintes para diversas frentes de atendimento, seja em saúde, abrigo, alimentação ou combate à dependência química.
“Temos um levantamento minucioso dos moradores de rua, sabemos quantos, onde moram, quem são, a particularidade de cada um. A assistência é meio para garantir direitos a eles. A gente não pode recolher todo mundo e levar contra vontade”, explica a secretária.
Segundo ela, a pesquisa mostrou que quase 90% são usuários de drogas, especialmente crack, e muitas vezes a esmola apenas financia o vício. “Alguns chegam a ganhar R$ 100, R$ 200 em um dia.”
Encontro da coalização de serviços para atendimento a moradores em situação de rua
Além da Assistência, a coalização envolve Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil, Saúde e serviços como Unesp, Famema e Núcleo de Direitos Humanos.
“A primeira das nossas ações é instruir mariliense a não dar esmolas e encaminhar para assistência. Temos serviços, temos como encaminhar, não existe porque ficar nas ruas se existem os serviços de atendimento. É a primeira de varias ações.”
A equipe de abordagem não faz o “resgate” imediato dos pedintes, mas oferece os serviços e leva sempre que a pessoa aceita o atendimento. Encaminha para saúde nos casos de ferimentos ou lesões. E também orienta contra situações de perturbação da ordem. “A pessoa tem o direito de ficar na rua, mas mesmo o Ministério Público orienta que não há direito em perturbação de sossego.”
A coalização enfrenta alguns desafios, como a preocupação dos moradores em alimentar os pedintes – muitas vezes dando dinheiro – e de diferentes serviços comunitários que distribuem refeições. “Há casos em que entidades dão quentinhas e eles trocam por drogas ou jogam nas ruas.”
Segundo a secretária, o problema envolve um processo de saúde ao qual o país está se adaptando. Não há parâmetros em políticas federais ou estaduais. “Sai muita coisa nova, que a gente esta aderindo e quer criar uma situação para nosso município.”