Marília

Manifestação em Marília pede políticas sociais e justiça para Marielle

Manifestação em Marília pede políticas sociais e justiça para Marielle

Pouco mais de cem manifestantes participaram na tarde deste sábado em um ato público de protesto pela morte violenta da vereadora Marielle Franco, executada no Rio de Janeiro, e cobraram políticas públicas de inclusão social, fim de preconceitos e racismo.

O ato envolveu participantes de pelo menos quatro partidos públicos, servidores públicos, professores, estudantes, profissionais da Famema e lideranças comunitárias na praça Saturnino de Brito, em frente à prefeitura.

Depoimentos, discursos, leitura de poemas e manifestos marcaram o ato, que teve diversas faixas para lembrar frases e lutas da vereadora, nega, mãe solteira, de origem humilde e a quinta mais votada no Rio de Janeiro.

Segundo a estudante Jéssica Machado dos Santos, coordenadora do grupo Negras Ginga e uma das responsáveis pela manifestação, o ato atingiu o objetivo de levar a discussão do caso e dos problemas sociais para a praça.

Luciana Santos e Jéssica Machado durante ato Marielle Presente, neste sábado em Maríla

Jéssica disse que o número de presentes não correspondeu às manifestações nas redes sociais, mas ainda assim mostrou representatividade pela data e pouco prazo de organização.

“Acho que foi produtivo, para a cidade de Marília acho que foi algo que impactou e a partir disso a gente possa fazer várias ações e mobilizar as pessoas, não se intimidar pelo que aconteceu e pelo contrário, mostrar mais força.”

Ex-presidente do Conselho da Mulher e coordenadora de Cultura, Luciana Santos disse o ato é um momento de organização para que a gente possa refletir um pouco mais sobre a condição de defesa da população mais carente, que é a periferia negra

“É uma população que vive um apartheid social. Esse momento é um grito de revolta e essa revolta precisa ser transformada em consciência, não só para conquista de espaço e direitos, mas que a gente possa aprofundar a democracia. Em 2018 se comemora os 30 anos de Constituição e estamos vendo que nossa democracia vem sendo manchada e quem sofre com isso são as classes trabalhadoras.”

O ato envolveu um momento raro em que manifestantes de partidos de esquerda e movimentos sociais aplaudiram um coronel da Polícia Militar.

Coronal reformado na PM e cientista social Sugar Ray robinson defende apuração rigorosa do crime: um atentado”

Sugar Ray Robinson, coronel reformado, com passagens pelo controle da corregedoria da Polícia, discursou e defendeu apuração rigorosa e punição exemplar, ainda que se chegue a policiais como envolvidos.

“A morte é um ato terrorista. Ela foi vítima de um ato covarde, premeditado, em que se apura se há intervenção de agentes do Estado, totalmente diferente do homicídio em consequência do roubo ou crime comum. É um atentado contra o pensamento crítico”, disse.

O coronel lembrou que já apareceram diferentes informações sobre as manifestações de Marielle em defesa de vítimas da violência, inclusive nos casos em que policiais foram as vítimas.

“Acho que precisamos repensar a segurança pública, todo o sistema. O nome dela pode ser a bandeira para fazer a reforma de segurança que pleiteamos e desejamos.”

Aldemir Estevão, chefe de relações do trabalho da gerência regional do Ministério do Trabalho em Marília, acompanhou a manifestação e disse que a morte de Marielle deve ser um marco para mudanças.

“Não é um problema localizado do Rio de Janeiro. É uma preocupação em que uma jovem liderança popular e que duas vidas foram ceifadas desta forma. É uma ameaça a outros companheiros e que não pode ficar impune. Lamentamos as duas mortes, essa perda, mas ela deixou um trabalho tão grande que mobilizou o país e o mundo.”