O espaço urbano que percorremos no dia a dia, possui características típicas de uma cidade comum, tais como: as ruas, a junção do concreto com o verde, monumentos históricos (que tornam nossos espaços mais ricos), entre outros – sendo estes elementos denominados como “fatos urbanos”.
Cada fragmento da cidade possui sua individualidade e transforma as percepções sensoriais que cada indivíduo possui do local, proporcionando que possam ser totalmente diferentes umas das outras. É como observar um artefato: ao observar uma pintura abstrata por exemplo, percebemos o que está ali, mas, às vezes, é difícil definir o que exatamente é aquilo que se vê.
Apenas ao contemplar tal artefato com sensibilidade que conseguimos “desvendá-lo” e entender seu resultado final, que na maioria das vezes é refletido por nossas vivências pessoais. É desta maneira que nosso mundo se colide com o mundo do artista, tornado toda a visão ainda mais interessante. No caso da arquitetura, o mundo de quem observa se colide com os pensamentos do arquiteto.
Se olharmos para trás, percebemos que elementos arquitetônicos foram analisados como obras artísticas e se tornaram referências mais tarde. Um exemplo foi a torre proposta por Eiffel, em 1889, construída em uma época em que questões como a forma e a função das construções eram questionadas a partir de observações de filósofos ou simples curiosos e, neste caso, por ser um material inédito no momento: o ferro (desta vez, aparente).
Teixeira Coelho se refere à Torre Eiffel como “aquela enorme massa de ferro que parece repousar em suas ‘costas’ […]”(1979) que acaba sendo uma visão errônea, pois, na verdade, ali não existe nenhuma função de sustentação (que em teoria são os pilares que distribuem o peso do monumento). Pode-se supor que os ferros foram assim colocados para fim estético ou apenas para romper as tradições históricas dos arcos (tão comuns no século XIX). Enfim, a partir daí se criam diversas percepções.
Por fim, vemos que a arte e a arquitetura possuem uma ligação essencial para o processo de desenvolvimento, e, é a partir da ação de contemplação que a qualidade das obras é percebida ao mesmo tempo que nosso senso crítico é aguçado, podendo se tornar também, inspiração para futuras criações que acrescentam no cenário urbano um elemento novo, passível de despertar atenção de outro usuário.
Profa. Sônia Cristina Bocardi de Moraes – Arquiteta e Urbanista pela PUC-Campinas, Mestre pela UNESP, Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIMAR, sócia do Escritório de Arquitetura ARQMOAL: [email protected]
Danielle Delgado Diaz Medina – Discente do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIMAR – Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/CNPQ), [email protected]