Marília

Pastor lança livro sobre desafios de religiosos na ‘modernidade liquida’

Pastor lança livro sobre desafios de religiosos na ‘modernidade liquida’

A modernidade líquida, termo que define novo modelo de interações e relações sociais, chegou às igrejas com um efeito preocupante para religiosos: sobrecarga de exigências pessoais com perda de muitos sacerdotes que não conseguem acompanhar os novos desafios.

O tema é o centro de um livro que o pastor Marcos Kopeska, da 3ª Igreja Presbiteriana Independente de Marília, lança na noite desta sexta-feira na cidade. A obra surgiu direcionada para orientar pastores mas os problemas que apresenta refletem realidade de profissionais em diversas áreas.

Aborda os desafios do momento em que a tecnologia, individualismo, relações poucos sólidas e cobranças por resultados exigem dedicação 24 horas dos pastores e comprometem equilíbrio familiar e psicológico. “É um livro de orientação e alerta sobre essa realidade e como isso influencia o trabalho e a vida pessoal dos pastores e sacerdotes”, explica Kopeska.

O autor é bacharel em teologia pela Universidade Metodista de São Paulo, integrante da Secretaria de Ação Pastoral da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil e do Conselho de Envio de Missões para o Interior da África. Atualmente cursa pós graduação em terapia familiar.

Além da vivência no mundo religioso, a obra é resultado de pesquisas. Kopeska descobriu números que considera alarmantes – como afastamento de 1.500 pastores de diferentes linhas religiosas – e situações mais drásticas, como suicídio de religiosos.

“É um tempo de transformações rápidas, relações rápidas, cobrança por resultados rápidos. E que tem provocado situações de esgotamento e isolamento de lideranças religiosas”, diz Kopeska.

O pastor vê problemas nos modelos de exigências das instituições sobre os pastores, agravados pelas exigências de fiéis. Mas vai além dos problemas e propõe soluções.

Uma delas é conservadora: andar na contramão da tecnologia, trabalhar por relações mais sólidas, construir amizades, reservar momentos pessoais como lazer e família, e delegar mais atividades dentro das igrejas, dividir o peso das tarefas, cobranças e atendimentos.

Ao mesmo tempo defende inovações nas posturas. “Os pastores são preparados para atender necessidades com padrão das décadas de 60, 70, 80 e exigências que não correspondem a esse modelo.”

Além disso, diz Kopeska, “o perfil de sacerdotes de muitas Igrejas evangélicas acompanha modelo de formação da Igreja Católica, de sacerdotes sem famílias, sem atividades profissionais, sem compromissos que pressionam os pastores”.

E o livro ganhou fora do meio religioso, como advogados e executivos que dizem viver os mesmos desafios em sua vida profissional, mas também de sacerdotes.

“A orientação bíblica é que os pastores devem cuidar não somente de seu ensino mas também de si mesmos. Oro a Deus para que cada pastor possa ler esta obra’, diz o pastor Ziel Machado, vice-reitor do Seminário Servo de Cristo, de São Paulo.

O lançamento será feito nesta sexta-feira a partir de 19h no Seminário Sul-Americano na praça Saturnino de Brito em frente à prefeitura. O livro seguirá á venda no próprio seminário.