Funcionários de diferentes setores do complexo Famema promoveram na tarde desta quinta-feira um protesto ao lado da sede da instituição contra a baderna administrativa que se arrasta desde 1994 e a falta de reajuste em salários para 70% dos trabalhadores.
Durante o encontro, a Associação dos Funcionários informou que um abaixo-assinado contra a injustiça já tem 1.200 adesões e que a intenção é levar o documento à diretoria, ao governo, à Justiça do Trabalho e ao Ministério Público.
A manifestação é resultado da última injustiça contra os profissionais: pouco mais de 600 dos 2.00 funcionários receberam 3,5% de reajuste no salário, 12% no vale alimentação e o resto ficou sem nada, um descaso de quatro anos.
A injustiça é resultado do modelo de gestão que envolve duas fundações e duas autarquias estaduais com diferentes formas de contratação. Os 600 beneficiados pelo reajuste são trabalhadores integrados ao governo do Estado, que promoveu reajuste, enquanto os outros recebem pela Fumes e Famar, que há quatro anos não corrigem salários.
“O objetivo é conscientizar a diretoria e o governo do Estado de que não pode haver este tratamento desigual. Desconfortáveis estamos desde 1994, quando estadualizou, mas está há quatro anos sem reajuste. Apesar da data-base em primeiro de junho tivemos neste momento essa injustiça que não pode ocorrer”, disse Lourival Salvino, presidente da Associação.
Lourival e Márcio, da Associação dos Funcionários, durante protesto na Famema – Rogério Martinez
Para ele a assembleia de trabalhadores vai decidir os próximos passos e não descarta uma proposta de greve protesto contra a injustiça nos salários. “O que nós esperamos é que a diretoria e o governo atendam nossa demanda. Não queremos fazer greve. O último recurso é greve.”
Márcio Freitas, dirigente da associação, disse que o protesto é o segundo ato de uma mobilização que começou com o abaixo-assinado e que não deve parar. “Vamos protocolar esse abaixo-assinado na diretoria da Fumes e Famar, no Ministério do Trabalho, no Ministério Público e em seguida levar para a assembleia dos trabalhadores.”
Márcio disse que a entidade tem conhecimento de que o Ministério Público investiga a questão do subfinanciamento e acredita que o abaixo-assinado pode ser anexado a essa investigação. ”A crise da Famema é um conjunto de situações, de gestão, da operação da Polícia Federal. O que nós queremos é abrir essa caixa preta que é a situação do complexo.”
O protesto uniu a Associação de Funcionários e o Sindicato dos Trabalhadores na saúde. A associação defende novas atividades e não descarta proposta de uma greve-protesto contra a situação.
Já a diretoria do sindicato quer incluir a correção das injustiças na pauta de reivindicações para a data-base – 1º de junho – e é contra uma greve neste momento. O protesto atraiu ainda apoio de estudantes representantes do Diretório Acadêmico do curso de medicina.
“A pauta de reivindicações contempla também esta situação. Temos uma rodada de negociação marcada para o dia 3. Até lá tem que fazer isso. No dia 7 temos uma assembleia. A negociação no mínimo precisa ir até 30 de maio”, disse Aristeu Carriel, do Sindicato dos Trabalhadores na Saúde.
Os estudantes foram manifestar apoio. “Para ter uma comunidade que funcione direito, as pessoas que fazem funcionar precisam ser valorizadas. A gente sabe que há um movimento do governo do Estado que vem desde a estadualização e até antes e corroi os salários. Eles tem o direito de cobrar melhorias”, disse um dos alunos de medicina.