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Associação pede proteção para história e arte em cemitérios

Associação pede proteção para história e arte em cemitérios

A Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, que une professores e pesquisadores, urbanistas, divulgou um manifesto nacional com pedido de investimentos contra vandalismo e destruição em cemitérios, que a entidade aponta como “espaços de interesse cultural”.

“É sabido e notório a importância dos cemitérios no âmbito do patrimônio cultural e as potencialidades no tocante à musealização pela relevância artística e histórica no Brasil”, diz a nota da entidade.

O manifesto foi provocado por diferentes ataques de vandalismo com danos a sepulturas de personalidades ou com peças históricas e artísticas de relevância.

“Recentes episódios de vandalismo e furtos têm sido noticiados pela imprensa nacional, denunciado um comércio ilícito de bens culturais através do furto de peças e esculturas de bronze em cemitérios, à exemplo dos casos ocorridos no Cemitério da Consolação”, diz o documento.

O cemitério paulistano é um destaque neste contexto. Além de grandes nomes da política, artes e negócios no Brasil, como o escritor Monteiro Lobato ou o empresário Francisco Matarazzo, o cemitério reúne um acervo de obras de arte, esculturas e outras peças em sepulturas. Faz parte de roteiros turísticos na capital.

Confira a íntegra da carta divulgada

CARTA ABERTA EM PROL DA PRESERVAÇÃO CULTURAL DOS  CEMITÉRIOS BRASILEIROS 

Nós, sócios da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, professores, pesquisadores e demais interessados na preservação dos cemitérios brasileiros, vimos expor nossa imensa preocupação com a crescente onda de vandalismo, que assola esses espaços de interesse cultural. 

É sabido e notório a importância dos cemitérios no âmbito do patrimônio cultural e as potencialidades no tocante à musealização pela relevância artística e histórica no Brasil. Partindo dessa premissa e munidos do compromisso ético em fazer salvaguardar esse patrimônio, externamos nossa indignação quando constatamos práticas de vandalismo e furtos, de forma sistemática e reiterada, em importantes cemitérios desta Nação. 

Local da última morada, espaço da finitude, de ritos fúnebres – os cemitérios brasileiros guardam importante patrimônio funerário, que nos conta a história da sociedade brasileira em muitas cidades e regiões pelo Brasil. 

Recentes episódios de vandalismo e furtos têm sido noticiados pela imprensa nacional, denunciado um comércio ilícito de bens culturais através do furto de peças e esculturas de bronze em cemitérios, à exemplo dos casos ocorridos no Cemitério da Consolação, na cidade de São Paulo.

Porém, nos últimos anos o que presenciamos nesse espaço é o descaso tanto das famílias quanto das autoridades públicas que teriam o dever de manter este patrimônio preservado, apesar da meritória atuação do Programa Memória & Vida em parceria com a Pontifícia Universidade Católica e com a gestão anterior da Prefeitura de São Paulo. 

A Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, sociedade científica sem fins lucrativos, manifesta-se contra qualquer ação de descaracterização, mutilação e destruição do patrimônio funerário brasileiro e vem a público conclamar a sociedade brasileira ao engajamento as boas práticas de preservação nos cemitérios, à ação cultural dinâmica e ao combate a todas as formas supracitadas de depredação desse patrimônio único e insubstituível em nossas necrópoles.  

Soma-se ao presente manifesto a Red Iberoamericana de Valoración y Gestión de Cementerios Patrimoniales, na pessoa de seu presidente Luis Dulout, que expressa igualmente sua preocupação, com as ações que estão destruindo paulatinamente, o nosso valoroso conjunto de bens, materiais e imateriais, relacionados com a morte, presentes em nossos espaços de sepultamento.”