O Ministério Público Federal estruturou um “gabinete de crise” para acompanhar os problemas de abastecimento decorrentes da greve no setor de transportes e definiu nesta terça, em encontro com diversos órgãos de segurança pública e do setor de abastecimento, proposta para realizar combios protegidos diariamente até a normalização do abastecimento de combustíveis na cidade.
O órgão já foi responsável nesta segunda pela articulação de um comboio que permitiu abastecimento para serviços públicos e alguns postos na cidade, além de 41 municípios que integram as subseções judiciárias de Marília, Tupã e Lins, todas atendidas pelo MPF em Marília.
Os procuradores da República Diego Fajardo Maranha Leão de Souza, Jefferson Aparecido Dias e Manoel de Souza Mendes Júnior reuniram-se ao longo do dia para apurar a questão da crise de abastecimento de combustíveis causada pela greve dos caminhoneiros iniciada no dia 20 de maio, em especial para acompanhar as consequências do entrave nos transportes nas áreas de saúde e segurança pública.
Grande parte dos caminhões-tanque que serviriam para atender os municípios de Marília e região não estava conseguindo acessar as bases distribuidoras de combustíveis da região em razão de constrangimentos e ameaças endereçadas aos caminhoneiros por parte de alguns líderes grevistas.
Os procuradores, em atuação integrada que contou também com a participação do Procurador da República Antonio Manvailer, da Procuradoria da República em Ourinhos, acionaram então a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal, a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Estadual, a fim de articular uma missão emergencial para abastecer um lote inicial de caminhões-tanque e escoltá-los para Marília, visando prioritariamente à normalização do transporte público e ao abastecimento de veículos oficiais das áreas de segurança pública e saúde.
A prioridade nesse momento de crise será o reabastecimento dos carros oficiais, como ambulâncias e viaturas policiais, que terão um posto de combustíveis reservado exclusivamente para atendê-los. Havendo excedente de combustível disponível, a venda será liberada também para o consumidor, limitada a 25 litros por veículo, vedada a utilização de galões, conforme compromisso assumido pelo sindicato dos postos de combustíveis. Segundo o MPF em Marília, o esquema de comboios e escolta se repetirá diariamente até a situação se regularizar.
Paralelamente, o MPF solicitou que as polícias também priorizem a segurança e a liberação de cargas contendo remédios e insumos médico-hospitalares e outros itens de primeira necessidade para serviços e emergências em saúde.
SEQUESTRO DE CAMINHÃO.
Durante o acompanhamento das questões do dia, o MPF também recebeu a informação de que um caminhão tanque de um posto de combustíveis de Marília havia sido “sequestrado” pelos líderes do movimento grevista ao tentar reabastecer na base distribuidora de Ourinhos, tendo o motorista sido obrigado a conduzir o caminhão ao ponto de concentração do movimento sob ameaças.
Uma das missões das forças policiais que se deslocaram para aquele município era, inclusive, tentar localizar e liberar o caminhão. Todavia, essa intervenção não se mostrou necessária, pois a própria empresa conseguiu a liberação do caminhão no final da tarde, após negociação com os líderes do movimento.