Chegou a vez dos alimentos. Um estudo em desenvolvimento pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) prevê mudança de rótulos para incluir novos alertas em biscoitos, doces, massas, carnes, enlatados, derivados do leite e outros alimentos.
O objetivo é estabelecer novos padrões de informação nutricional com alertas sobre teor de açúcar, gordura e sódio nesses produtos. A mudança preocupa a indústria do setor que na onda dos alimentos saudáveis teme queda de negócios, vendas e empregos.
A preocupação foi apresentada ao presidente Michel Temer durante encontro com empresários do setor na sede do Ciesp, em São Paulo, na segunda-feira. Temer mostrou disposição em discutir a questão em Brasília.
A mudança atinge produtos de grandes marcas na região, como fabricantes de biscoitos – como Marilan e Nestlé -, de doces – Dori, ZDA, Jazam –, refrigerantes – Coca-Cola, Conti, São José e outras – além de achocolatados e salgados entre outros. Não há manifestações das empresas contra alterações e novas informações, até posições a favor. A discussão está no modelo a ser adotado.
A discussão já produziu um grande relatório sobre o tema com propostas que envolvam rótulos frontais obrigatórios e complementares à tabela nutricional que já acompanha alimentos.
O estudo relaciona seis possíveis problemas para as empresas. Impactos administrativos da interpretação e adequação às novas regras; guarda de documentos para comprovação do teor nutricional de certos alimentos, gastos com laboratórios para determinação do valor nutricional dos açúcares totais e adicionados; impressão de novos rótulos; esgotamento do estoque de embalagens e redução na venda de alguns produtos com teores elevados de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio.
A ideia é que o material informa de maneira simples e objetiva situações com alto teor de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. Além de símbolos, deve usar cores para reforçar alertas e ainda mudar forma de informação nutricional, para que todas as declarações considerem porções de 100g ou 100ml dos alimentos.
Até julho a Anvisa promoveu uma grande pesquisa com tomada pública de subsídios para a escolha do novo modelo. Prefeituras, empresas, universidades, laboratórios e público em geral participaram da consulta com sugestões ou análise dos modelos.
O relatório preliminar sobre impacto da mudança prevê que as medidas “podem reduzir as situações potencialmente enganosas observadas atualmente no mercado em relação à composição nutricional.”
Segundo o documento, os consumidores terão uma melhor compreensão das principais características nutricionais dos alimentos que impactam na qualidade da sua alimentação.
“As mudanças propostas podem estimular a reformulação de alimentos e aumentar, assim, a disponibilidade de alternativas mais saudáveis aos consumidores. No médio e longo prazo, as melhorias propostas podem aumentar a conscientização dos consumidores sobre a importância dos nutrientes para a qualidade da alimentação e da saúde.”