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Bolsonaro é transferido para SP; veja detalhes do atendimento

Médica Eunice Caldas Dantas disse que Bolsonaro usará bolsa de colostomia de dois a três meses. Candidato já está em São Paulo (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Médica Eunice Caldas Dantas disse que Bolsonaro usará bolsa de colostomia de dois a três meses. Candidato já está em São Paulo (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foi transferido na manhã desta sexta-feira para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Bolsonaro foi encaminhado para uma série de exames por até três horas para definição a equipe que vai ficar responsável pelos cuidados com o presidenciável. Ainda segundo a assessoria, o estado de saúde de Bolsonaro é grave, mas estável.

Ele saiu de Juiz de Fora (MG), onde estava internado na Santa Casa depois de sofrer um atentado na tarde de ontem (6), em um avião que pousou no aeroporto de Congonhas. De helicóptero da Polícia Militar, ele seguiu até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. De lá, o candidato foi colocado em uma ambulância com destino ao Hospital Albert Einstein, no Morumbi. Bolsonaro foi transferido para São Paulo a pedido da família.

A médica Eunice Caldas Figueiredo Dantas, que o atendeu no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora, disse que o candidato usará uma bolsa de colostomia de dois a três meses. A médica informou ainda que Bolsonaro chegou ao hospital em estado de choque por causa do forte quadro hemorrágico e que poderia ter morrido se não fosse o pronto atendimento.

Segundo ela, a prioridade imediata foi reverter o quadro de perda de sangue, estancando a hemorragia e fazendo uma transfusão, com o uso de quatro bolsas de sangue.

Eunice Caldas relatou ainda que, após a estabilização da pressão sanguínea, foi feita a intervenção na região do intestino, pois a perfuração por faca atingiu severamente o intestino grosso, que foi seccionado, com a necessidade de retirar 10 centímetros da área atingida.

A médica destacou que a intervenção cirúrgica foi de “grande porte”, mas que o paciente está com o quadro de saúde estável.

Sobre a transferência de Bolsonaro para o Hospital Albert, em São Paulo,ela disse que a decisão foi amplamente discutida com a família e a equipe médica que, diante do quadro de estabilidade clínica, concluiu que não havia risco. A médica disse que o paciente está com sonda gástrica e oxigenado.

Ainda de acordo com a médica, o ferimento fez com que ele perdesse 2,5 litros de sangue, o equivalente a 40% do volume sanguíneo de um ser humano médio. Por conta disso, ele já entrou em estado de choque na Santa Casa de Juiz de Fora e só pôde ser salvo pela rapidez no atendimento.

“O mais grave foi o comprometimento da veia, pelo sangramento de vulto. Ele perdeu em torno de 40% do volume de sangue do corpo. Um adulto do porte dele tem em torno de 5,5 litros de sangue circulando. Ele perdeu em torno de 2,5 litros. É muito grave. Ele poderia ter morrido. Ele chegou com pressão 8 por 4, chegou chocado [em estado de choque]”, relatou a médica.

Segundo ela, por questões de centímetros a faca não feriu regiões mais sensíveis de Bolsonaro, o que poderia ter o levado a óbito. “Havia veias mais calibrosas, artérias próximas, órgãos mais nobres. Qualquer mudança ali podia ser fatal para ele”, explicou a médica, que acompanhou Bolsonaro desde o momento em que ele deu entrada no hospital.

“Ele fez uma cirurgia aqui. A segunda será daqui a dois ou três meses, para a reconstituição do intestino grosso. Enquanto isso, ele vai utilizar uma bolsa para fora da barriga, por dois ou três meses. A colostomia não inviabiliza ninguém de fazer nada, é só questão de se acostumar com a bolsinha”, disse.

Ela aconselhou que Bolsonaro se abstenha de ir para as ruas fazer campanha pelas próximas semanas, na reta final do primeiro turno das eleições, a fim de facilitar sua recuperação.

“Três semanas é um período muito curto para uma cirurgia deste porte. Eu acho que a estratégia de campanha vai ter que ser adaptada às condições dele agora” justificou. A médica estimou que Bolsonaro já poderá ter alta hospitalar entre sete a dez dias: “Se tudo correr bem, caso não haja intercorrência, tudo dentro do padrão, pode [ter alta]”, finalizou.

Dor de uma bolada no estômago

Em um vídeo divulgado pelo senador Magno Malta, que aparece orando pelo candidato, gravado na UTI da Santa Casa de Juiz de Fora, e divulgado em rede social, Bolsonaro diz que, ao ser esfaqueado, sentiu uma forte dor como se tivesse recebido uma bolada no estômago. Jair Bolsonaro agradeceu aos médicos e enfermeiros que o atenderam na cidade mineira.

Ataque

Na tarde de ontem (6), o candidato recebeu uma facada no abdomen enquanto participava de um ato de campanha na cidade mineira. Ele foi operado para estancar uma hemorragia em veia abdominal, teve o intestino delgado costurado e parte do intestino grosso retirada. Ele também foi submetido a uma colostomia e, em até dois meses, terá de ser operado novamente.

O autor do ataque a Bolsonaro foi preso pela Polícia Militar da cidade. A Polícia Federal, responsável pela segurança do candidato, abriu inquérito para investigar o caso.