A Campanha de Controle da Leishmaniose em Marília chegou a 220 cães castrados na última sexta-feira (28), mas veterinários da Divisão de Zoonoses, dizem que o número não é maior em função da recusa de muitos moradores.
Cerca de mil responsáveis por cães com sorologia negativa foram contatados, mas 80% manifestaram não querer castrar animal, mesmo vivendo em região com casos de leishmaniose. A ação está focada em bairros da zona norte, com o objetivo é reduzir superpopulação de animais e os riscos da doença.
As cirurgias são realizadas pelo ICEV (Instituto de Cirurgias e Especialidades Veterinárias) mediante agendamento, conforme o cronograma da Divisão de Zoonoses. O contrato do município prevê 1,2 mil cães.
A clínica contratada pelo município pega e entrega os cães na porta de casa. O serviço inclui exames, medicamentos e todos os insumos, necessários em pré e pós-operatório. O responsável pelo cão não paga nada.
RESPONSABILIDADE
Ticiana Donati dos Reis, veterinária do serviço municipal, acredita que as dúvidas decorrem do desconhecimento. “Algumas pessoas dizem que vão pensar, não retornam contatos, não atendem mais a clínica para agendamento. Na verdade, estão perdendo uma grande oportunidade de castração a custo zero”, alerta.
Nos dez primeiros dias de atendimento foram feitos 48 procedimentos gratuitos. Durante agosto, o total de cirurgia chegou a 128. No mês de setembro, porém, a intensidade da agenda reduziu em função das recusas e foram operados 92.
Nesta etapa do trabalho estão sendo contatados moradores do bairro Santa Antonieta. A média diária é de cinco procedimentos, feitos em centro cirúrgico equipado, com equipe especializada.
Os cães castrados já passaram por testagem para leishmaniose, na fase de inquérito canino, com resultado negativo. Os moradores são contatados por telefone.
CIRURGIA SEGURA
O médico veterinário Carlos Stuart, responsável pela equipe do centro cirúrgico, explica que o procedimento é rápido, leva em média entre 20 e 25 minutos. Porém, antes da castração é feita uma série de testes, visando à segurança dos cães.
“São testes para doenças hematológicas como erliquiose e babesiose, muito incidentes na população canina, provocadas por carrapato. Há ainda uma outra doença importante que é a cinomose, provocada por vírus. Se o cão for positivo, não inviabiliza a cirurgia, mas exige da equipe maior cautela”, explica.
O médico esclarece que nem sempre as doenças citadas são sintomáticas. Por isso muitos cães são positivos, mas os responsáveis não sabem. Stuart explica ainda que a castração previne, em fêmeas, doenças como piometrite e tumores mamários. Nos machos elimina o risco de doenças venéreas.
As ações de combate à leishmaniose, explica Ticiana, levam vários meses e até anos para surtir efeito, de acordo com as estratégias adotadas. Em 2018, Marília registrou redução drástica da doença, com apenas dois casos confirmados.