Marília

Pronto Socorro lota; médico faz crítica política em vídeo e HC investigas

Pronto Socorro lota; médico faz crítica política em vídeo e HC investigas

Um vídeo gravado por um médico para mostrar a superlotação do pronto-socorro no Hospital das Clínicas abriu uma nova crise e troca de ataques no Complexo Famema.

Ricardo Paoliello mostrou imagens de pacientes em macas, internados em salas que deveriam ser consultórios, acompanhantes sem acesso a banheiros, em pé e criticou “estudantes socialistas da Famema”” por não estarem no local.

“Essa é a situação do SUS depois de quatro mandatos do governo socialista. Eu me pergunto cadê os estudantes socialistas da Famema que não estão aqui ajudando a cuidar dos pacientes mas adoram fazer militância?”, disse o médico no vídeo. Paoliello justifica as críticas com o fato de uma crise no SUS, um sistema federal e por isso a responsabilidade seria do governo federal.

O HC é uma autarquia do governo do Estado, que define orçamento de eventuais obras como ampliação e novos equipamentos – a exemplo da nova ala de emergência, registrada nás imagens – mas o vídeo não trata desta abordagem.

O ataque provocou uma reação do Diretório Acadêmico, funcionários, médicos e a briga das redes sociais incluiu preocupação dos estudanbtes com risco de docentes do Complexo Famema promoverem represálias a alunos que criticam a estrutura. O caso virou uma investigação pela direção do HC.

“Não é papel do estudante atuar sem supervisão docente no pronto socorro do HC FAMEMA, como proposto no vídeo. Ademais, o conteúdo dele expõe pacientes e funcionários sem fins acadêmicos, o que não é permitido pelo código de ética médica”, diz uma resposta divulgada pelo Diretório Acadêmico.

O Daca afirmou ainda que “apesar das transgressões ao código de ética e dos erros conceituais apresentados na gravação, o Diretório Acadêmico decidiu por não responder juridicamente, devido a possíveis represálias por segmento dos docentes da instituição em meio acadêmico.”

Em nota, o complexo Famema informou que “nos últimos dias houve um aumento na demanda de atendimento”  e que “mesmo que em alguns momentos a estrutura física não seja ideal todos os pacientes são acolhidos e assistidos pelas equipes multidisciplinares”.

“O Pronto Socorro do Hospital das Clínicas atende no sistema “porta aberta” os 62 municípios da área de abrangência do Departamento Regional de Saúde – DRS IX. A Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) é comunicada permanentemente sobre a logística e fluxo dos atendimentos no hospital”, diz o comunicado.

“Quanto ao vídeo, a Superintendência do HCFAMEMA instaurou um procedimento administrativo para apuração dos fatos. Com relação a possíveis represálias pelos docentes, a Diretoria da Famema enfatiza que não existe qualquer possibilidade nesse sentido.”

Assista abaixo ao vídeo (com pouco mais de sete minutos) e veja a publicação do Daca.
 

No dia 14 de outubro de 2018, o DACA foi citado em uma publicação de um médico assistente da FAMEMA sobre o posicionamento do Diretório frente ao contexto político atual. Na publicação, o médico apresenta a situação do hospital e solicita a presença dos alunos “militantes socialistas” da FAMEMA para ajudar no atendimento aos pacientes. 

O DACA é uma instituição representativa dos estudantes da graduação em medicina da Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA). Dessa forma, tem a função de defender as necessidades e os direitos do corpo discente, o qual utiliza os recursos institucionais da faculdade, como o corpo docente e a infraestrutura, para sua formação acadêmica e profissional de maneira participativa, aberta a construção coletiva e horizontal.

Nesse sentido, não é papel do estudante atuar sem supervisão docente no pronto socorro do HC FAMEMA, como proposto no vídeo. Ademais, o conteúdo dele expõe pacientes e funcionários sem fins acadêmicos, o que não é permitido pelo código de ética médica, pois não houve consentimento livre esclarecido de parte dos indivíduos presentes na gravação.

Apesar das transgressões ao código de ética e dos erros conceituais apresentados na gravação, o Diretório Acadêmico, a partir da reunião ordinária aberta a todos os estudantes realizada no dia 15 de outubro de 2018 decidiu por não responder juridicamente, devido a possíveis represálias por segmento dos docentes da instituição em meio acadêmico. Todavia, qualquer estudante que se sentir ameaçado ou perseguido dentro da instituição devido ao seu posicionamento político terá o suporte necessário por parte do diretório.

Sendo assim, aguardamos o posicionamento da superintendência do HC FAMEMA sobre a ação do médico.“