Marília

HC tem dias de pronto-socorro vazio mas enfrenta tempestade política

HC tem dias de pronto-socorro vazio mas enfrenta tempestade política

Envolvido em uma das mais acirradas disputas eleitorais no país e e uma avalanche de debates políticos, o pronto-socorro do Hospital das Clínicas de Marília teve dias de salas vazias, camas de sobra e pouco serviço no final de semana, uma situação de paz que não repercute apesar do turbilhão política que toma o hospital desde a campanha eleitoral.

A situação mostrou um desafio para a instituição e prefeituras de 62 cidades na região: superar essa crise para discutir o atendimento, a reforma da estrutura administrativa e os investimentos.

O Hospital é desde 2015 uma autarquia estadual ligada à Secretaria da Saúde do Estado.  É do governo do Estado que recebe todos os recursos, liberação para contratar, construir, comprar equipamentos.

Também o governo do Estado quem define os rumos do desenvolvimento desde a estadualização, em 1994, e que vem provocando medidas em doses homeopáticas, sempre perto de eleições.

“Nenhum hospital público com as características do HC tem condições de atender picos sem eventuais superlotações. HC tem política vaga zero, isto é,  mesmo sem condições adequadas, isto é leitos, macas, se assim for determinado pela CROSS e SAMU ( reguladores), o HC deverá receber os pacientes”, diz a médica Paloma Libânio, superintendente do HC.

A maior parte da história de embates desde a estadualização se deu com governos do PSDB. E parte da crise política que o HC enfrenta agora está ligada à aproximação de dirigentes e funcionários do governador Márcio França (PSB), que representou alguns poucos meses longe da influência tucana, retomada com a eleição de  João Dória para o governo.

A crise envolve ainda influências externas, como a repercussão de um vídeo gravado por um médico na reta final da eleição com ataques à esquerda, aos estudantes e ao governo federal. O médico acabou demitido por causa do vídeo.

“A estrutura está  adequada com a pactuação que temos com estado e Direção regional de Saúde. Porém população aumentou e número de leitos em outros hospitais e Santas Casas diminuíram. Estado e municípios precisam rever o número de leitos.”

E tem ainda a dose local com a disputa de poder entre o grupo dos ex-prefeitos Abelardo e Vinícius Camarinha e do atual prefeito, Daniel Alonso. E como fica a estrutura no meio de tantos interesses políticos?

“Há muito tempo a equipe já está se mobilizando, tanto a equipe da Assistência ao paciente quanto a equipe administrativa. Buscando na literatura como outros países conseguiram reduzir a Superlotação. Já instituímos o protocolo de capacidade plena (estratégias sobre o que fazer quando hospital esta superlotado”, diz a superintendente.

O hospital aguarda equipamentos já anunciando, como sistemas para como tomografia e ressonância, além do credenciamento de 22 leitos de UTI. També,m prevê a inauguração de mais uma enfermaria com 16 leitos.

“Não é de agora esse esforço conjunto entre todos, inclusive Ministério Público está empenhado em nos ajudar. Infelizmente a Saúde pública é assim, o HC recebe demandas…tem dia que temos mais pacientes e tem dias que temos menos.”