Chegou. A delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, preso em Curitiba pela Operação Lava Jato, inclui acusações de pagamento de caixa dois de campanha ao ex-prefeito de Marília Ticiano Tóffoli, e de propina ao ex-prefeito e deputado estadual eleito Vinícius Camarinha.
As informações foram divulgadas no início da tarde desta terça-feira pelo jornal Folha de S.Paulo. A reportagem lembra ainda o fato de Ticiano ser irmão do presidente do STF, José Antonio Dias Toffoli, de Marília, mas destaca que ele não foi citado na delação.
Segundo a Folha de S.Paulo (acesse aqui), o empreiteiro disse aos procuradores que em 2011 conheceu Ticiano Toffoli num jantar, em Brasília, junto com o então presidente do DAEM (Departamento de Água e Esgoto de Marília), Antonio Carlos Guilherme de Souza Vieira, conhecido como Sojinha.
A reportagem desfia informações que mostram um mar de lama. Segundo Leo Pinheiro, a empresa foi procurada para auxiliar na liberação dos recursos para a obra de tratamento do esgoto em Marília, em substituição à construtora Passareli.
A delação acusa então uma série de crimes:
– Leo Pinheiro diz ter ordenado pagamento de R$ 1 milhão para que o ex-prefeito Mario Bulgareli, já envolvido em série de escândalos, renunciasse ao cargo. A renúncia, em maio de 2012, transformou o vice, Ticiano Toffoli, em prefeito.
– após a renúncia de Bulgareli, segundo a delação, a OAS doou R$ 1,5 milhão em caixa 2 para a campanha de Ticiano a prefeito, em 2012.
– o empreiteiro diz que após a campanha e derrota, foi procurado por Sojinha com pedido de R$ 1 milhão para pagar dívidas de campanha
– em 2013, após a posse de Vinícius Camarinha, o novo prefeito teria pedido pagamento de vantagem indevida no importe de 3% do valor da obra.
A reportagem mostra que a Folha não conseguiu contato com Ticiano nem respostas de Sojinha sobre o caso. O Giro tentou contato com Ticiano mas não conseguiu.
Vinícius Camarinha disse à Folha que não teve qualquer contato com Léo Pinheiro e que a licitação não foi feita em sua gestão e que não há nenhum processo contra ele vinculado a esta obra.
“Tais pagamentos foram realizados até março de 2014. A rescisão do contrato com o município de Marília ocorreu em novembro de 2015 e, até hoje, a OAS tem um crédito pendente com o município de Marília no importe de R$ 12 milhões em razão da ausência de pagamentos de diversas faturas”, disse Pinheiro, segundo a publicação da Folha.
O documento com as acusações ainda precisa ser homologado pelo ministro Edson Fachin, responsável pela Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.