Há exatos 50 anos, no dia 7 de março de 1969, a casa do especialista em planejamento urbano Valdyr Cezar e a educadora e esportista Marina Betti Cezar registrou dois nascimentos: o filho mais velho do casal, César, e o espaço que se tornaria referência em esportes, descontração e ação social, o recanto O Circo.
Os dois passam bem, obrigado, e merecem toda a festa que a cidade puder fazer.
César, um executivo de sucesso em grandes empresas de São Paulo, cresceu na chácara ao lado do irmão, Alessandro, que nasceria dois anos depois.
Valdyr Cezar e a esposa, Marina, em um dos momentos mais comuns da chácara: descontração
Marina havia casado alguns anos antes com um apaixonado por futebol, como tantos maridos. Mas Valdyr não saía de casa para bater uma bola e tomar cerveja.
Levou os maridos, as esposas, os filhos e amigos para jogar em casa. Marina, falecida em 2013, não só recebeu todos de portas e coração aberto mas foi influência para levar o grupo aos projetos sociais.
A primeira-dama do Circo não estará fisicamente na festa, mas como em toda a história da chácara, é figura muito presente, muito lembrada, muito querida.
Os dois irmãos são patronos da chácara neste ano do cinquentenário. O presidente é outro que cresceu em meio às atividades, José Ribamar da Mota Teixeira Júnior. Seu pai, José Ribamar, frequentou e jogou bola até os 80 anos de idade.
A Chácara lançou a Feira da Fraternidade, promove almoços que a cada ano levanta recursos para diversas entidades, vai a projetos sociais e atende a diferentes pedidos com quase cem voluntários, doações e ações de arrecadação.
Também salvou o carnaval da cidade. Em 2000, quando até os bailes promovidos pela prefeitura acabaram, o Circo Lançou seu baile, que neste ano reuniu centenas de foliões na 19ª edição. Também levou para as ruas o Bloco Bagunça do Circo.
Lançou musas, como Taís Monteiro, que já como advogada e artista plástica seria depois secretária municipal da cultura e homenageados entre grandes nomes da indústria, comércio, serviços, comunicação e atendimento social.
Mais recentemente lançou também o troféu Marina Betti Cézar, em reconhecimento a personalidades dedicas a projetos sociais.
Atraiu filhos e netos dos amigos que foram chegando e ficaram. Eles são a esperança de que o projeto inicial não se perca. Mas não perdeu o carinho pelos mais velhos, que não podem acompanhar as novas gerações nos gramados.
César, Valdyr, Dra Doralice Tan (primeira a receber o troféu Marina Betti Cezar) e Alessandro
Por inspiração do arquiteto Laerte Rosseto, um entusiasta do grupo, criou o torneio para Os teimosinhos, aqueles com mais de 60 anos e de cem quilos que insistem em jogar bola.
HISTÓRIA
A construção da história começa com a união das paixões de Valdyr. Em 1957, aos 21 anos, ele entrou na Prefeitura de Marília levado pelo prefeito Argollo Ferrão para o setor de engenharia.
Passou por 17 prefeitos, participou nas principais obras e projetos da cidade e criou relações de amigos que não se perderam. E o fez sem disputar cargos, junto a gestores dos mais diversos partidos.
“Eu sempre fui o cara que descia a escada com o prefeito. Todo mundo quer subir, na hora da posse. Descer é mais difícil. Mas nunca me enfiei em política de partido.”
Outra paixão era o futebol. Valdyr acompanha um time de várzea, jogava, acompanhava o São Bento e depois o MAC, discutia e reunia jogadores.
E por fim a família, paixão que permitiu a ele unir as outras: os amigos, a interação com a vida pública e o futebol.
Não haveria nada disso sem os amigos – Dito Bola, João, o vizinho Alvino Stroppa – dono da chácara V Arkos que virou uma extensão do Circo e sua esposa, Salete. Wanderley Martins Mendes, Angelino Doreto, Pompeo Cezar, Alcides Mattiuzzi, Pedro Sola foram outros nomes muito conhecidos da cidade que frequentaram o espaço.
Pela chácara, passaram os ex-governadores Orestes Quércia, Paulo Maluf, José Maria Marin e ex-prefeitos que foram adversários históricos.
Alvino Stroppa, Alcides Mattiuzzi, Novais e Valdyr Cézar
Também passaram artistas como a Traditional Jazz Band e cantores como Tom Zé ou Fagner, esportistas como Osmar Santos e o juiz de futebol Dulcídio Wanderlei Boschilla, até o ministro do STF Dias Toffoli. Padre Carlão, irmão do ministro, é hoje o orientador religioso do grupo.
O Circo ganhou o país em viagens em grupos que exportam o modelo de descontração e trazem novidades para torneios, carnaval e eventos. Tudo sem perder a essência de 1969: unir amigos, celebrar a vida, devolver o possível em atendimento social.
A cidade tem marcas do Circo em diversos pontos, faz bem em agradecer e comemorar a data. Vida longa ao Circo e ao Valdyr, que aos 81 anos mantém firme a paixão pelo espaço.