Em 2018, as mulheres representavam 45,3% da força de trabalho, ganhavam 79.5% do total do salário pago ao homem e tinham uma jornada semanal de trabalho menor em 4,8 horas, sem considerar o tempo dedicado a afazeres domésticos e cuidados de pessoas.
No mesmo ano, o rendimento médio total das mulheres ocupadas com idade entre 25 e 49 anos era de R$ 2.050, enquanto o dos homens chegava a R$ 2.579, nesse mesmo grupo etário.
O valor médio da hora trabalhada era de R$ 13,0 para as mulheres, correspondendo a 91,5% da hora trabalhada para os homens, que chegava a R$ 14,2.
Estas são algumas das principais conclusões do estudo Diferença do rendimento do trabalho de mulheres e homens nos grupos ocupacionais – Pnad Contínua 2018, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (8).
O estudo analisou as horas trabalhadas, a cor ou raça, a idade, o nível de instrução das mulheres e dos homens ocupados de 25 a 49 anos. Também foi avaliada a distribuição nos grupamentos ocupacionais e as diferenças do rendimento médio real entre mulheres e homens.
Comparação por idade
Outro aspecto avaliado pelo estudo foi a razão do rendimento de mulheres e homens, segundo os grupos de idade. Neste estudo o IBGE desagregou a população em três grupos etários: 25 a 29 anos, 30 a 39 anos e 40 a 49 anos de idade.
Sobre este aspecto da análise, o estudo constatou que em todos os anos da série, “a tendência de queda da razão do rendimento da mulher em relação ao homem com o crescimento da idade”.
Em 2018, por exemplo, a mulher ocupada de 25 a 29 anos de idade recebia 86,9% do rendimento médio do homem; quando a faixa etária subiu para o intervalo de 30 a 39 anos este rendimento caiu para 81,6%; reduzindo na faixa entre 40 e os 49 anos: 79,4%.
Nesse último grupo, o rendimento médio da mulher era, em 2018, de R$ 2.199, enquanto o dos homens chegava a R$ 2.935; no primeiro (25 a 29 anos de idade) os valores eram de R$1.604 no caso das mulheres e de R$ 1.846 no dos homens.
O movimento de queda da proporção de rendimento recebido pelas mulheres mais velhas, em 2018, estava diretamente ligada à redução da jornada média de trabalho: no grupo de 25 a 29 anos de idade ela trabalha cerca de 3,6 horas a menos que o homem da mesma idade; já no grupo de 40 a 49 anos a diferença chega a 5,4 horas.
Cor e raça
A série de rendimento médio do trabalho habitual da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mostra discrepância e diferença importante, e maior, entre o rendimento do homem e da mulher quando a população ocupada é desagregada pela cor ou raça.
Considerando-se a cor ou raça, a proporção de rendimento médio da mulher branca ocupada em relação ao do homem branco ocupado (76,2%) era menor que essa razão entre mulher e homem de cor preta ou parda (80,1%).
O entendimento do IBGE é de que, esta desigualdade menor entre o rendimento de pretos e pardo “pode estar relacionada ao fato dessa população [preta ou parda] ter maior participação em ocupações de rendimentos mais baixos, muitas vezes, baseadas em piso mínimo. E esse comportamento ocorreu em todos os anos da série, de 2012 até 2018”, explica.
Neste caso, o rendimento médio da população ocupada de cor preta ou parda correspondia, em média, a 60,0% daquela de cor branca. “Além da diferença de rendimento existente entre cor ou raça na população ocupada total, a desagregação simultânea do rendimento médio, por cor/raça e sexo, permaneceu mostrando que as mulheres, sejam elas brancas, pretas ou pardas, têm rendimento inferior aos homens da mesma cor”.
Nível de instrução
Uma constatação importante levantada pelo IBGE no estudo Diferença do rendimento do trabalho de mulheres e homens nos grupos ocupacionais – Pnad Contínua 2018 diz respeito ao nível de instrução da população ocupada de 25 a 49 anos, que tem aumentado ao longo da série: “Com crescimento da proporção de pessoas com, pelo menos, o ensino médio completo e o nível superior”, ressalta o instituto.
O levantamento indica que, em 2012, 13,1% dos homens ocupados tinham o ensino superior, passado para 18,4% em 2018, um aumento de 5,3 pontos percentuais. Entre as mulheres essa estimativa foi 16,5% para 22,8%, entre 2012 e 2018 – um aumento ainda maior: 6,3 pontos percentuais.
Apesar deste aumento da escolaridade constado no estudo, as discrepâncias continuaram a se fazer presentes e, neste caso, não só entre homens e mulheres mas também entre os diversos níveis de instrução.
“Em 2018, o rendimento médio mais baixo, segundo o nível de instrução, era o da mulher do grupo sem instrução e fundamental incompleto (R$ 880), enquanto o mais elevado era recebido por homens de Nível superior completo (R$ 5.928)”, constatou a pesquisa.