Imagem: Sara Andreasson
Imagem: Sara Andreasson

Durante um ato no dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, que aconteceu no centro de Ribeirão Preto/SP fiquei muito incomodada com as falas de algumas mulheres, que a todo momento questionavam onde estavam as mulheres que estavam saindo do trabalho, pois julgavam que estas trabalhadoras tinham que estar presentes no ato, já que muitas das reivindicações eram solicitadas para todas as mulheres.

A maioria das mulheres que estavam no ato eram funcionárias públicas, professoras, representantes de sindicatos, representantes de partidos, representantes do judiciário e estudantes, ou seja, mulheres que de alguma têm uma posição “privilegiada” para estarem em um ato às 16h de uma sexta feira.

Na minha fala eu propus uma reflexão: aonde chega o feminismo de vocês? Porque será que as trabalhadoras não se juntaram a nós? 

É muito complicada a posição de algumas feministas e isso ocorre em todo o mundo, pela falta de compreensão das implicações de questões sociais, de raça e classe, de exclusão e limitações. E a maioria das mulheres que compunham o ato eram brancas, pouquíssimas negras e trans.

O discurso dessas mulheres revela que precisamos rever nossa luta de modo coletivo, quando você julga que uma trabalhadora tenha que estar em uma ato logo após o fim de seu período de trabalho você se esquece que esta mulher tem outras obrigações, filhos, além de estar exausta de um longo dia de trabalho, que na maioria das vezes não é bem remunerado. É preciso sair da zona de conforto.

Durante a minha vivência na cidade de Marília/SP aprendi que nós precisamos ir até essas mulheres, elas precisam ser ouvidas, e sim, isso faz a diferença. A consciência precisa ser estimulada, não se cria só, doar um pouco do seu tempo é essencial para a luta. É trabalho de formiguinha mesmo.

Espero não ver mais mulheres falando palavras difíceis, quero vê-las relatando o que fazem de fato com o feminismo no seu dia a dia, onde elas vão, como estão se articulando para que mulheres trabalhadoras e periféricas possam lutar também, e entender o seu espaço nessa sociedade.

O feminismo é um movimento amplo, que tem outras vertentes, mas o que não podemos negar que é pela mulher, seja ela negra, indígena, deficiente, idosa, lgbttq+. É preciso que todas se fortaleçam.