Emprego

Marisa Rossignoli, economista e professora da Unimar

Marisa Rossignoli, economista e professora da Unimar

– Como vê as relações de trabalho no país hoje?

O alto índice de desemprego que atingiu índice de 12,4% no trimestre de dezembro/18 a fevereiro/19, somando os 4,6% de desalentados (aqueles que desistiram de procurar emprego) e ainda a mão de obra subutilizada em uma taxa de 24,6% mostra uma condição alarmante para o trabalhador. A existência destes trabalhadores desempregados e nestas situações apresentadas fragiliza ainda mais a relação entre trabalhadores e empresas, pois a existência de tanta mão de obra disponível no mercado faz com que o trabalhador sinta-se inseguro na busca por melhores condições de trabalho.

O desemprego apresenta-se como consequência de fatores estruturais, isto é, mudanças ocorridas na própria dinâmica e funcionamento da economia e também por questões conjunturais, decorrentes do baixo crescimento econômico.

Se havia uma maior perspectiva de crescimento econômico para a economia brasileira, o relatório focus (expectativas para a economia brasileira advindas do próprio mercado), divulgado em 29 de abril, mostra que se 4 semanas atrás a expectativa era de um crescimento de 1,98% do PIB para 2019, já caiu para 1,70%, taxa insuficiente para absorver todos estes problemas de emprego e para que as empresas consigam recuperar seu crescimento e muitas vezes a própria ocupação de taxa de ociosidade.

– De que forma a reforma trabalhista impacta nestas relações?

 A Lei 13.467/2017, chamada de reforma trabalhista, ao fragilizar a relação do trabalhador com a empresa piora ainda mais a incerteza do trabalhador. De um lado as condições econômicas não são favoráveis conforme visto, por outro, as relações de trabalho são fragilizadas, significando duplo prejuízo para o trabalhador.

– O que aponta como maior necessidade de mudança para promover mais justiça nas relações de trabalho?

Como economista não posso deixar de enfatizar, conforme já apresentado, a necessidade de crescimento econômico, fundamental também a qualificação de mão de obra que atenda as exigências deste mercado; Fundamental se faz compreender que não é a fragilização das relações que resolverá os problemas do desemprego de forma socialmente satisfatória, e sim o crescimento econômico atrelado ao conceito de desenvolvimento. Isto é, aumentar o PIB é fundamental, mas também o é garantir as melhoras de uma forma ampla e geral para a sociedade.

Marisa Rossignoli  – Graduada em Economia pela UNESP, Mestre em Economia pela PUC SP e Doutora em Educação (Política e Gestão) pela UNIMEP- SP. Delegada Municipal do Conselho Regional de Economia para Marília – SP. Profa. Universitária na Unimar (Universidade de Marília)