E ela dançou...

A pior forma de expressão que possuo conhecimento até o momento é: fulano dançou.

Não pesquisei sobre a origem e em qual contexto surgiu a expressão, mas no atual, considero que quem tenha inventado nunca dançou na vida.

Vocês já dançaram? Qualquer ritmo, de qualquer forma. Já dançaram?

Dançar é uma das melhores coisas que podemos fazer na vida, envolve não somente o corpo, mas alma, espírito, é transcendental.

Sempre fui afeita à dança talvez porque sou baiana e tenha dançado muita lambada na infância.

Ou simplesmente porque meus irmãos e eu fomos criados com mulheres que ao primeiro sinal de música se levantavam numa sala humilde, empurravam o sofá e transformavam aquele ambiente numa balada.

Cresci vendo minha mãe e minhas tias se tirarem para dançar e só percebia sorrisos e alegria naqueles momentos de descontração.

Então resolvi cair no samba, literalmente, no forró, no pagode e acordar meu corpo de uma letargia de anos.

Num trocadilho horroroso eu posso repetir que eu sou do samba. Poucas coisas, se é que há algo, que me fazem tão bem, plena, viva quanto o samba, me tira do lugar comum e faz visitar um corpo que me soa estranho porque ele se sente mais à vontade dançando do que eu poderia supor.

Quem usa a expressão ela dançou provavelmente estava falando que ganhou na mega sena, ou encontrou um amor que abraçou o coração.

Que aquele sonho se realizou, os filhos cresceram e que são pessoas empáticas, passou no vestibular ou num concurso importante.

Da próxima vez que alguém disser pra mim que alguém dançou só vou conseguir imaginar isso, não é possível associar dança a algo ruim.

Eu, neófita que só, saio da aula saltitando como uma gazela feliz e com vontade de enviar mensagem para todas as pessoas queridas com a seguinte frase: dance.