A Revista Crusoé publica nesta semana uma longa reportagem do jornalista Fábio Leite sobre a deleção de José Delmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que citou políticos de Marília em uma delação premiada na Operação Lava-Jato, e traz novas informações sobre o caso.
A revista mostra dados do anexo da delação que acabou arquivado pela ex-procuradora geral da República Raquel Dodge em que Léo Pinheiro teria confessado pagamento de propina e Caixa 2 a políticos de Marília.
A delação vazou no início deste ano em uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, que mostrava o encontro do ex-prefeito da cidade, José Ticiano Dias Toffoli, com o empreiteiro em um jantar em Brasília.
Segundo as novas informações, naquela noite Ticiano teria sido apresentado a Léo Pinheiro por seu irmão famoso, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), José Antonio Dias Toffoli, hoje presidente da corte.
Dias Toffoli teria deixado o restaurante sem participar da conversa. Não há nenhuma indicação ou acusação de que o ministro participou de qualquer pedido ou recebeu qualquer recurso da empreiteira.
A Crusoé, que trata Ticiano como “o irmão problema” do ministro, pesquisou toda a primeira licitação para a obra do esgoto, concluída em 2013 na gestão do ex-prefeito Vinícius Camarinha.
O jornalista passou alguns dias na cidade, conversou com testemunhas do processo de licitação do esgoto e investigou outras ligações do ministro, como uma antiga denúncia de que Dias Toffoli seria sócio oculto em um resort na divisa com o Paraná, em uma região conhecida como Angra Doce.
As denúncias
Segundo a delação, Léo Pinheiro teria indicado três casos de pagamentos indevidos e um pedido de recursos em Marília. Além dos políticos, a delação teria citado o ex-presidente do Daem, Antonio Carlos de Souza Vieira, o Sojinha, que teria atuado no pedido de verbas:
– Pagamento de R$ 1 milhão para que o ex-prefeito Mario Bulgareli, já envolvido em série de escândalos, renunciasse ao cargo. A renúncia, em maio de 2012, transformou o vice, Ticiano Toffoli, em prefeito.
– Doação de R$ 1,5 milhão em caixa 2 para a campanha de Ticiano a prefeito, em 2012.
– O empreiteiro diz que após a campanha e derrota, foi procurado com pedido de R$ 1 milhão para pagar dívidas de campanha
– Em 2013, após a posse de Vinícius Camarinha, o novo prefeito teria pedido pagamento de vantagem indevida no importe de 3% do valor da obra.
Ticiano e Vinícius dizem que a denúncia é falsa e apontam que teria sido uma mentira do empreiteiro para fugir da Lava Jato. Na decisão que arquivou a delação, Raquel Dodge disse que a denúncia não foi acompanhada de qualquer prova, como comprovantes de pagamentos.