A companhia aérea Passaredo retomou seus voos em Marília e reativa a linha entre Marília e Congonhas. Uma medida que a empresa vem preparando desde o primeiro semestre e que só foi viabilizada com a concessão de slots de Congonhas que pertenciam à Avianca, empresa em crise.
O discurso oficial do prefeito Daniel Alonso transformou a medida em uma conquista pessoal dele, anunciada em setembro, mais de dois meses de a empresa tornar públicos os contatos com o aeroporto da cidade para definir sua instalação. Desnecessário para dizer o mínimo.
As datas e fatos – como assessores próximos ao prefeito descobrirem pelo aeroporto o interesse da Passaredo e o próprio sorteio dos Slots – desmontam o discurso oficial, que vira uma fala oca, feita para os amigos ou para tentar ganhar popularidade de forma descabida.
Pior. É quase uma agressão à empresa, que decidiu investir na cidade, a todo o processo de estudos, a assessores que há meses atuam no caso. Daniel atropelou todos para fazer a propaganda oficial.
Seria triste como caso isolado. Mas não é.
A prefeitura encerra no dia 31 um recadastramento de dados de imóveis com a promessa de desconto maior de imposto. Uma meia verdade – que é sempre meia mentira – para tentar convencer moradores a atualizar os dados e até correr risco de impacto nos impostos a pagar.
O desconto para quem fizer o cadastrado será de 5% à vista e 2% a prazo. Exatamente o mesmo valor oferecido neste ano e em 2018. Daniel não vai dar nada extra a quem recadastrar.
E pior. Vai punir quem não fizer o cadastro, caso em que os contribuintes vão perder metade dos descontos. Em vez de fazer bondade com quem atende o chamado, abre o saco de maldades para quem contraria.
Enquanto fatura politicamente com o investimento da empresa, Daniel Alonso passa batido por questões que renderiam maior reconhecimento, como risco de uma nova epidemia de dengue em 2020.
O vereador Danilo da Saúde, servidor da área, alerta para alto índice de infestação do mosquito, na faixa de 3,8. Caso esse índice chega a 4% a cidade entra oficialmente em risco claro de surto e epidemia da doença.
O vereador aponta alta de casos nos últimos dias, o calor, chuva, poças e clima favorável ao mosquito estão começando.
Ah, mas Danilo é oposição. Sim. Mas o alerta repercutiu com lideranças como o professor Marcelo Fernandes, que foi coordenador na campanha de Daniel, a quem chama hoje de “prefake”.
Daniel pode dizer que incentivou o turismo, que em sua gestão a cidade ganhou o Plano Diretor do setor – que a iniciativa privada produziu e ele assinou – e o reconhecimento como MIT.
Pode dizer que tem novos investimentos em vista na área. Não precisa fazer discurso raso sobre a empresa e os voos, que no geral vão atender uma camada bem seleta da coletividade.
Daniel pode falar das obras do esgoto, da isenção temporária de impostos, da anistia. Pode até fazer a tradicional lista de pequenas obras que toda administração faz. Pode reclamar dos ataques covardes e pessoais que sofreu.
Mas o que ele pode mesmo é mudar o discurso, deixar a obsessão por colocar o nome em qualquer notícia positiva e fantasiar em cima dos casos negativos, aproximar a coletividade, ouvir mais e de mais pessoas além do núcleo próximo de amigos. A viagem melhora para todos.