Oncologistas brasileiros estão em campanha contra uso e liberação dos cigarros eletrônicos, uma grande tendência – especialmente entre público jovem – que já causa onda de problemas nos Estados Unidos e Europa.
O aparelho, ainda não regulamentado pela Anvisa no país, já está em uso crescente com a facilidade de compra de produtos importados.
Considerado por muitos leigos uma versão mais “light” dos cigarros convencionais ou mesmo um auxiliar para abandonar o hábito de fumar, o cigarro eletrônico não é uma coisa nem outra.
Especialistas indicam que o dispositivo libera uma quantidade bem maior de nicotina — um único pen drive pode ter o equivalente a quase dois maços de cigarros — e causa não apenas dependência, como também o risco de desenvolvimento de câncer de forma agressiva.
“Nós vínhamos vencendo a batalha contra o tabagismo. Todas as campanhas de alcance mundial, ao longo dos anos, vieram reduzindo o consumo de tabaco. Mas sofremos uma reviravolta com o surgimento do cigarro eletrônico, um dispositivo feito e desenhado para viciar as pessoas na nicotina”, afirma Jacques Tabacof, oncologista e hematologista do CPO (Centro Paulista de Oncologia).
O especialista observa que o cigarro eletrônico é muito atraente para crianças e adolescentes, o que de forma alguma pode ser naturalizado.
“Temos que continuar batalhando para que as pessoas não fiquem vulneráveis à nicotina e ao vício nela, para assim evitar as consequências que isso tem para a sociedade. O câncer de pulmão é obviamente relacionado ao tabagismo”, diz.
A liberação do cigarro eletrônico no Brasil representaria, portanto, uma elevação nos riscos causados pelo tabagismo.
O efeito cancerígeno dos cigarros eletrônicos também causa grande apreensão entre os especialistas.
Embora os líquidos usados pelos aparelhos não tenham alcatrão ou monóxido de carbono, eles são carregados de outras substâncias químicas cancerígenas (aromatizantes, entre outras) e partículas que danificam os pulmões — causando doenças crônicas como asma e bronquite –, prejudicam o sistema cardiovascular, aumentam o colesterol, a pressão arterial e o risco de diabetes.