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Juiz faz carta a detentos: “muro não se torne cerca de campos de concentração”

Juiz faz carta a detentos: “muro não se torne cerca de campos de concentração”

O juiz João Marcos Buch, da Vara de Execuções Penais de Joinville, distribuiu uma mensagem de Natal em que diz “lutar para que muro que divide o mundo dos livres do mundo dos presos não se torne a cerca de arame farpado dos campos de concentração”.

João Marcos Buch protagonizou em novembro uma situação polêmica em que durante momento de tensão em um presídio deu seu celular a um detento para que ele fizesse fotos das condições do local. Acabou proibido de atuar em casos ligados ao detento.

Antes disso, já produziu diversos artigos em que defende medidas de prevenção ao crime, atendimento social e inclusão como forma de combater a criminalidade, além de muitos casos de defesa dos direitos humanos nas penitenciárias.

O juiz faz mensagens de Natal todos os anos. Nesta, assinada em 16 de dezembro, diz que “a intolerância que atinge vocês que estão presos também é destinada a mim” e cita exemplos de reações agressivas contra o trabalho.

“Como juiz da execução penal sou taxado de defensor de bandido, sou olhado de canto de olho, sou hostilizado por parte da sociedade, cega em seus traumas, ódios e medos.”

A mensagem de Natal  chegou às redes sociais e na tarde desta quarta-feira circulou em grupos de advogados e outros profissionais em Marília.

Joao Marcos Buch é autor de pelo menos dez livros em que divulga crônicas sobre sua atuação e também obras técnicas como execução penal. Além dos textos afiados, as obras mostram títulos provocativos, como “crônicas de um juiz que solta” e “diário de bordo de um juiz das causas humanistas”.

Em um de seus artigos recentes divulgados na internet, João Marcos Buch relata caso em que interviu para evitar linchamento de um homem flagrado durante roubo a uma farmácia.

Veja abaixo a carta enviada aos detentos