A Famema (Faculdade de Medicina de Marília), base para o maior complexo de atendimento médico em toda a região, completa 54 anos neste domingo com uma história de superação, crises, polêmicas na Justiça e descaso do governo do estado que emperra solução de graves problemas.
Apesar dos repetidos casos de queixas e investigações, coleciona históricos de procedimentos inovadores, formação de profissionais com destaque no país e no exterior, dedicação apaixonada de grandes profissionais e atendimento apesar da sobrecarga dos serviços por falta de estrutura nas 62 cidades em torno do complexo.
O vestibular, um dos mais concorrdiso na área, cresce todos os anos, envolve aplicação de provas em diferentes cidades e atrai estudantes de excelência de diversos centros do país. Além da formação e atendimento médico na residência, os alunos se envolvem em debates da cidade e projetos inovadores como o Severinos, que leva saúde e orientação a famílias assentadas na região.
Estadualizada em 1994 depois de uma campanha histórica pela encampação por uma universidade, a instituição passou a ser o centro de um emaranhado administrativo responsável por boa parte dos problemas atuais.
A encampação nunca saiu do papel e do discurso. A faculdade acabaria transformada em uma autarquia estadual. Recentemente a divisão dos serviços transformou os serviços médicos em outra autarquia.
Somadas a isso, duas Fundações – a Fumes e Famar – dividem contratações, responsabilidades legais, financeiras e de contratos.
A Famema aguarda realização de concursos para regularizar quadro profissional e vinculação ao governo do estado, aguarda definições sobre a encampação, melhorias do orçamento, investimentos em estrutura física e equipamentos.
Parte desta crise pode ser reduzida nos próximos anos com a construção da sede própria. A Famema funciona com série de prédios, gasta muito em aluguéis e estruturas adaptadas para gestão, cursos e atendimentos.
Em volta destes desafios, o Complexo enfrenta denúncias de precarização da estrutura de ensino, superlotação e subfinanciamento. E a solução para todos eles gira em torno do governo do Estado.
A partir de 2015 as disputas internas e problemas de gestão do complexo foram engolidas por um escândalo com a Operação esculápio, que já provocou pelo menos três ações judiciais federais de investigação de contratos, médicos, dirigentes, funcionários e prestadores de serviços.
HISTÓRIA
Criada em 1966 pela Lei Estadual número 9.236, a Famema teve seu funcionamento autorizado no dia 30 de janeiro de 1967, como instituição pública municipal de ensino superior.
A Lei Municipal número 1.371, de 22 de dezembro de 1966, constituiu a sua entidade mantenedora, a Fundação Municipal de Ensino Superior de Marília.
Criou inicialmente o curso de Medicina, que trouxe e revelou profissionais conceituados, pesquisa e modelos de atendimento que são referência. Em março de 1981 foi criado o curso de Enfermagem.
A primeira diretoria da Faculdade de Medicina de Marília assumiu no dia 27 de maio de 1967 e tinha como diretor o Nelson Casadei. Antes, o Professor José Querino Ribeiro, da Unesp – Universidade Estadual Paulista, atuou como Diretor Interino (30/01/1967 a 26/05/1967).
Na mantenedora, a Fundação Municipal de Ensino Superior de Marília, Christiano Altenfelder Silva já havia sido nomeado presidente em 22 de janeiro de 1967, cargo que ocuparia até 08 de agosto de 1978.
Desde 1997, a Famema utiliza metodologias ativas de aprendizagem, pioneiras no País, que substituíram o método convencional em salas de aulas e inseriram os estudantes de Medicina e de Enfermagem, desde o primeiro ano, em unidades de saúde para o aprendizado na prática.