Olha você aí.
Sim, você mesmo!
Não adianta olhar para o lado, fazer a egípcia. É você mesmo.
Lembra quando você terminou a relação? Disse a si mesmo que não cairia de novo, que não se deixaria levar, que agora seria tudo diferente?
Lembra que você colocou cronologia para seu coração?
Você disse ” vou demorar 1 ano, 2 dias, 12 horas, 53 minutos e 40 segundos para me apaixonar.”
O que você está fazendo agora? Sim, nesse exato momento. O que está fazendo agora?
Está olhando para o celular com cara de bobo, rindo das mensagens trocadas, olhando a foto da criatura e pensando como pode ter um sorriso tão bonito, um olhar tão doce.
Espera mensagens o dia todo, o celular apita e você logo vai ver a mensagem. Quer ficar o dia todo trocando mensagens.
Quer beijar, abraçar, sentir o cheiro, ver como o olho do outro fecha quando ri.
O formato das unhas, como são seus pés, se seu cabelo é liso ou ondulado.
Tenho uma notícia para te dá: você falhou miseravelmente.
As borboletas voltaram de novo. Não, não adiantou dizer não.
Colocar tempo para o que viria a sentir ou não.
Pensou que podia controlar o tempo? O amor, o coração? Errou.
Você está apaixonada novamente. Ele veio te visitar novamente. Encontrou o quentinho do seu coração. Abraçou quem estava desarmado.
Porque amor, meus queridos, não entra em corações combativos, ele vem ao encontro de quem se desarma.
É chegar perto de um precipício. Não adianta ter medo ou inventar desculpas, ele se instalou.
Como disse Stendhal, o amor é uma bela flor à beira de um precipício. É necessário ter muita coragem para ir colher.
Coragem, é a segunda palavra para quem já foi destroçado por um amor que não foi correspondido.
Vários sentimentos vêm à tona nos fazendo retornar em todas as dores já vivenciadas, tentando nos convencer que não vale à pena viver de novo.
Daí, vem Shakespeare e diz que barreiras de pedra não podem deter o amor.
Do mesmo jeito que você teve coragem de abrir mão de um amor que lhe foi caro. Você precisa ter coragem para abrir o coração para o amor que está chegando.
Ele está usando outras roupagens, é mais gordo, mais magro, tem tatuagem, não tem nenhuma, ele é negro, oriental.
Não importa a roupagem, ele está te visitando.
Tempo, suas dores antigas, sua falta de vontade. Que pretensão a sua achar que pode conter uma tempestade. Nada pode conter o amor.
Nem sua frase batida e clichê ” dessa água não beberei”.
Você não está só bebendo, mas tomando banho, hidratando o cabelo, fazendo um suco e ainda preparando uma sopa.
E se não fizer isso está sendo muito bobo. Bobeira é não viver um amor com medo das histórias passadas.
Bobeira é não viver um amor, bobeira é morrer desidratado porque bebeu uma água de procedência duvidosa anteriormente. E quem não bebe água, morre.
Eu bebo dessa água e se preciso me afogo. Antes morrer de amor do que de medo.