O inesperado ocorre num dia comum.
A vida não espera você está preparado para nada.
Não é um cursinho pré-vestibular ou preparatório para concursos.
Não espera a glicemia estar em dia ou o colesterol estar agradando o seu coração e o seu médico.
Não espera seu corpo estar como você planejou, com a barriga assim ou assada.
Nem seu cabelo estar escovado ou com os cachos perfeitos.
O inesperado não dá aviso. Pode ser a morte, a vida, uma doença, a cura, um amor, a perda deste.
Fato é que algumas coisas vão dando sinais. Uma doença sintomática, a falta de carinho de quem amamos anunciando o fim.
Mas nem sempre ocorre desse jeito, às vezes é como uma rasteira mesmo. Você está em pé e, paft, encontra o chão ou não o encontra.
Perde o chão.
Esse pretenso controle que eu, você, julgamos ter é uma forma que inventamos para não nos desesperarmos diante da novidade da vida.
Não há absolutamente nada que nos proteja do que virá e não foi anunciado.
Não há coração preparado para perceber que a vida de quem amamos está acabando.
Que aquela doença, aqueeela, que pode visitar qualquer casa, menos a sua, chegou justamente na sua.
Que a gravidez que nunca foi pensada ou planejada ocorreu. Você também pode engravidar, a falta de contraceptivo ” isso nunca aconteceu comigo”, um dia falha.
Não há coração preparado para a novidade de um câncer em remissão. Ele sempre fará os olhos transbordarem.
O inesperado ocorrerá naquele dia que você repete todo ritual, desliga despertador, tira pijama, põe uma roupa para trabalhar, escova os dentes, toma café da manhã, abre seu portão, tira o carro da garagem.
Cuidado, sua rotina pode sofrer alterações.
O inesperado gosta de dias comuns.
O inesperado gosta de pessoas comuns.
O inesperado é um sorriso no rosto de um homem sisudo.
Um dia ele te encontra nu e sorri.