Marília

Paciente denuncia erro médico, fila por novo exame e transtornos em Marília

Paciente denuncia erro médico, fila por novo exame e transtornos em Marília

A diarista Míriam Aparecida Varise, moradora na zona sul de Marília, vítima de um acidente doméstico há 40 dias, acumula situações de transtornos no atendimento público com denúncia de erro médico, 30 dias de espera por novo exame e perdas pessoais que foram transformadas em uma denúncia à Justiça.

Mirim sofreu uma queda no quintal de casa na tarde de 2 de fevereiro. Levada ao Pronto Atendimento da Zona Sul, diz ter sindo encaminhada para uma consulta e um exame de raio-x para uma dispensa com diagnóstico de entorse, luxação e distensão de ligamentos. 

Não foi encaminhada para especialista. Voltou para casa com alguns remédios, pé enfaixado e indicação para uso de uma bota ortopédica, sem laudo para tempo de uso.

Após dez dias de muitas dificuldades em dores e mobilização, retornou ao posto para novo atendimento e novo raio-x, que apontou uma fratura que teria sido ignorada no primeiro exame. Foi encaminhada para consulta com especialista no HC, que confirmou a fratura, apontou potencial extensão de lesões no joelho e encaminhamento para ressonância.

Acima, exame com indicação da fratura; embaixo, laudos do primeiro dia de atendimento

Sem conhecer a real extensão dos danos e após dez dias com muitos problemas pessoais em casa, decidiu levar o caso à Justiça com um pedido de indenização que deve envolver ainda uma tentativa para exame de urgência.

O caso da diarista envolve muitos agravantes. Casada, é mãe de uma adolescente de 16 anos e um menino, de quatro anos, diagnosticado com espectro autista que exige diferentes atendimentos diferenciados.

Nos dez dias entre os dois diagnósticos cuidou deles e da casa com dores. O filho exige chamados especiais da escola, acompanhamento constante em casa, presença da família na chegada e saída das atividades na creche.

Imagem do raio-x anexada ao processo: dez dias até diagnóstico de fratura

“Eu passei dez dias com muita dor, mas com um exame de torção, então achei: vai melhorar. Até que não aguentava mais a dor e a dificuldade para andar, mesmo com a bota ortopédica, e voltei ao pronto atendimento. O médico pediu novo exame, mostrou uma fratura, suspeita de outra e pediu exames para os ligamentos no joelho”, explica.

A diarista diz que todo o atendimento da primeira consulta foi complicado. Em final de tarde pegou troca de plantão.

Diz ter passado por uma consulta muito rápida, saiu sem laudo para indicar quantos dias deveria usar a bota ortopédica, que precisou alugar e afirma que só conseguiu enfaixar o pé porque pediu.

“Eu não sabia quando ia poder alugar a bota, não ia dar no dia seguinte, então pedi pra enfaixar. A enfermeira foi muito atenciosa, fez enfaixamento muito bom, deixou o pé bem firme. No terceiro dia eu comecei a retomar algumas atividades, mas doía muito.”
Advogado Rodrigo Vieira e a diarista Miriam Varise na casa da paciente

O advogado Rodrigo Vieira da Silva, que representa Míriam no processo, disse que além da indenização vai pedir que o exame seja feito com urgência para indicar a extensão dos danos e dar mais clareza sobre o sofrimento, transtornos e perda da mulher pelo erro inicial no diagnóstico e espera pelo procedimento.

“A obrigação do Estado em oferecer saúde de qualidade é objetiva, está prevista na Constituição e a dona Míriam não recebeu esse atendimento com qualidade. Além disso, a ação precisa ser um exemplo, para que não haja mais casos, para que não ocorra em casos com risco de vida”, disse o advogado.

Rodrigo Vieira afirmou que ação cobra indenização por danos morais, por perda de atividade profissional e danos matérias. A ação fixa os danos em R$ 350 mil, um valor a ser analisado pela Justiça. Não envolve cobrança sobre os profissionais do atendimento.

“Já temos os laudos do atendimento, as imagens do raio-x que mostra a fratura desde a primeira consulta, a comprovação da espera exagerada por um exame numa situação agravada pela falta d equipamento no HC, então acredito que provamos o erro médico, estamos provado danos à paciente e é uma questão de definir a extensão destes danos”, afirmou.

A prefeitura ainda não foi citada para se manifestar sobre a ação.