Os anos 90 são muito especiais no coração dos entusiastas automotivos. Com a abertura das importações, novos concorrentes começaram a aparecer no Brasil para ameaçar a hegemonia das quatro grandes. Foi nessa década que Citroën, Honda, Toyota e Peugeot começaram a investir pesado por aqui, cooperando para um grande salto de tecnologia.
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Um dos modelos mais emblemáticos deste período foi o Renault Mégane , modelo médio que perdurou por duas gerações no Brasil e acumulou uma verdadeira legião de fãs. Já que não podemos dar um passeio de carro por conta do surto do COVID-19 (a não ser para o supermercado ou farmácia), que tal relembrar a história do modelo por aqui?
O lendário Renault 19
Com a reabertura das importações na Era Collor, a Renault foi a primeira fabricante a retornar ao Brasil, em 1992. A marca já esteve por aqui em meados de 1960, quando vendia os carismáticos Gordini e Dauphine, mas teve suas operações suspensas durante a época da ditadura militar – já que vendeu suas operações para a Willys Overland.
A marca começou suas operações com os sedãs 19, 21, e Nevada (que também tinha versão perua). Este primeiro pode ser considerado o pai do Renault Mégane no Brasil, fabricado em Córdoba (Argentina) entre 1993 e 1998.
Internacionalmente, o Renault 19 teve boa fama, abocanhando o título de ‘Carro do Ano’ na Espanha em 1989. No Brasil, foi vendido nas versões RN e RT, com uma opção de motor 1.6 e duas opções 1.8 (8 e 16V). Não fez tanto barulho, ainda mais na comparação com os rivais japoneses.
Enfim, o Mégane
Ainda em 1995, o Mégane foi lançado na Europa em sua primeira geração. O objetivo era conquistar o público de modelos como VW Golf, Ford Escort e Opel Astra, apostando em várias carrocerias (hatch, sedã, coupé, cabriolet e station wagon). Além do sucesso de vendas, foi o primeiro modelo médio familiar a conquistar nota máxima nos testes de colisão.
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Em 1998, a fábrica de Córdoba (Argentina) encerrou a produção do Renault 19 para iniciar o ciclo do Mégane. Apesar das várias carrocerias disponíveis na Europa, a marca decidiu trazer apenas as versões hatch e sedã.
O modelo chegou ao Brasil nas versões RN, com motor 1.6 8V, de 90 cv, e RT 2.0 8V, de 115 cv. O sedã contava ainda com a versão RXE, com o mesmo motor 2.0 8V. A primeira reestilização veio em 2001, onde o Mégane da primeira geração ficou ainda mais equipado e seguro. Neste mesmo ano, o motor 1.6 8V foi substituído por outro de 16V e 110 cv. No fim de seu ciclo de vida, o Mégane hatch também passou a ser vendido na versão RXE.
A segunda geração
O Mégane hatch foi descontinuado em 2003, e o sedã acabou saindo de linha apenas em 2005. No ano seguinte, a Renault iniciou a produção da segunda geração do modelo na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. Apesar do Mégane deixar de contar com a versão hatch – falaremos mais sobre isso – a segunda geração marcou a estreia da perua Grand Tour.
As versões básicas e intermediárias do Mégane MKII (Expression e Dynamique) traziam motor 1.6, de 115 cv e 16 kgfm de torque. Já os modelos mais caros (Dynamique) poderiam contar com motor 2.0, de 138 cv de potência e 19,2 kgfm de torque, com opção de câmbio manual (cinco marchas) e automático (quatro marchas).
Mas e o hatch?
Em meados de 2005, a Renault realizou algumas clínicas para decidir quais versões do Mégane seriam lançadas no Brasil. Pelo design excêntrico e polêmico, o hatch acabou sendo reprovado. O grande problema estava na traseira, onde o Mégane hatch abusava de linhas retas e de pouca harmonia. Até mesmo na Europa, onde o público é mais permissivo para excentricidades, o modelo não empolgou nas vendas.
O fim de uma lenda
Em novembro de 2010, o Mégane sedã saiu de linha. A perua durou mais um ano no mercado, até ser limada do catálogo em 2011 para liberar espaço na fábrica de São José dos Pinhais para a produção do SUV compacto Renault Duster.
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Seu substituto direto foi o Fluence , que voltou a ser fabricado na Argentina em 2012. Com vendas tímidas, o modelo foi descontinuado no final de 2017, sumindo completamente das concessionárias até a metade de 2018. Neste momento, a Renault se mantém fora do segmento de carros médios no Brasil. Também não há qualquer indício de que a marca francesa possa trazer a nova geração do Mégane europeu para o país em um futuro próximo. Sem dúvidas, um carro que deixa saudades.