Um estudo publicado pela Imperial College mostra que com o isolamento vertical de idosos e pessoas com doenças associadas ao aumento do risco da Covid-19 , o Brasil poderia ter 12 vezes mais mortes do que no cenário de supressão. A medida de isolamento vertical tem sido apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro, contra a opinião de 25 dos 27 governadores.
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Quatro cenários foram traçados pela Imperial College, em Londres, sobre o eventual cenário brasileiro. No primeiro, sem nenhuma medida de isolamento social contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), o Brasil poderia ter 187 milhões de cidadãos infectados; entre eles, 6,2 milhões precisam de internação e 1,5 milhão iriam para a UTI . Segundo a projeção, 1.152.283 pessoas morreriam.
A outra projeção prevê medidas leves contra o alastramento do vírus, como a proibição de grandes eventos e aglomerações (shows, jogos de futebol e museus). Dessa forma, a Imperial College prevê que 122 milhões de brasileiros seriam infectados, sendo que 627 mil viriam a óbito.
O terceiro cenário prevê o isolamento de idosos e outras pessoas do grupo de risco, conforme defendido por Bolsonaro. Segundo o estudo, 121 milhões de brasileiros seriam infectados, com 530 mil mortos e 3,2 milhões de hospitalizações.
Por fim, o último cenário segue as orientações divulgadas pela Organização Mundial de Saúde, com distanciamento social, rastreamento de contatos e testes para a identificação do vírus em massa. Considerando que a epidemia tenha 1,6 caso a cada 100 mil habitantes – como acontece na Coreia do Sul – a Covid-19 teria potencial para infectar 49.599.016 pessoas, matando 206.087.
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Com medidas de contenção mais adiantadas, reduzindo o quadro para 0,2 caso por 100 mil habitantes, o novo coronavírus poderia infectar 11.457.197 de brasileiros, causando a morte de 44 mil pacientes. Segundo o estudo da Imperial College, este é o melhor cenário para o país. Confira o gráfico completo abaixo:
Inimigo invisível
Muitas estratégias de combate à Covid-19 estão sendo debatidas pelas autoridades de todo o mundo. As mais comuns são mitigação (onde o objetivo é isolar aqueles que estão sob maior risco, sem frear sua contaminação) e supressão (reduzir ao máximo novas contaminações, estreitando a mobilidade).
Especialistas não deixam de salientar que a fragilidade das áreas urbanas mais pobres, onde os cidadãos não têm abastecimento de água e esgoto e é mais difícil de fiscalizar o afastamento, deverá interferir diretamente para o aumento de casos e mortes no Brasil.
Ventiladores mais baratos
A Escola Politécnica da USP anunciou que está desenvolvendo um novo ventilador pulmonar mecânico para pacientes em estado crítico da Covid-19, que estará disponível em menos tempo e será mais barato do que os modelos utilizados atualmente no SUS.
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De acordo com o engenheiro Raul Gonzalez Lima, coordenador do grupo de cerca de 40 pessoas que está à frente da iniciativa, o preço mínimo de um respirador convencional é de cerca de R$ 15 mil. Com o novo projeto da Escola Politécnica, será possível produzir o equipamento a um valor em torno de R$ 1 mil. “Por suas características, o projeto irá viabilizar a construção de alguns milhares de ventiladores a partir de três semanas, e ter milhares produzidos em cinco”, diz o engenheiro.