Toda a situação de emergência requer calma e algum jogo de cintura para resolver o problema dentro do que está disponível no momento. Quando o assunto envolve o carro é bom também ter em mente alguma noção de mecânica. Se você se lembra das aulinhas de CFC, o primeiro passo para tirar a habilitação, você pode se garantir na maioria dessas situações que listamos a seguir.
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Nem sempre a via é adequada para estacionar o carro e ter que resolver algum problema. Nem sempre se está em local seguro, ou até mesmo nem sempre os itens que o carro traz de fábrica, para a reposição de peças, é o suficiente para resolver imprevistos.
Logo, imaginação e improviso também fazem toda a diferença. Conversamos com Alexandre Barros Pinho, dono da oficina WTC Express, para pegar algumas dicas e alertar sobre o que fazer nessas horas, evitando danos maiores ao carro em situações de emergência .
1 – Pneu furou
Assim como quando o carro ferve, o especialista conta que o ideal é que encoste na hora, de preferência em um acostamento. Se não houver um, dirija com o pisca-alerta ligado abaixo dos 20 km/h. Se, por algum motivo, o carro ameaçar perder o controle, não freie ou acelere o carro bruscamente.
Traga-o de volta com o volante, com movimentos suaves, à medida em que se reduz a velocidade gradualmente. Isso é uma medida de segurança que poupará, inclusive, as rodas do carro, que podem trincar e empenar nessas horas.
Ao arranjar qualquer lugar para encostar, utilize o triângulo a pelo menos uma distância de 30 passos largos do veículo. Se há uma curva no meio da sua contagem de passos, é preciso caminhar até o final dela e reiniciar os passos.
Em caso de chuva, neblina ou cerração, a distância deve ser dobrada. E se por algum motivo você não estiver portando o triângulo — o que também acarreta em multa gravíssima, de 7 pontos e R$ 191,54 — o ideal é fazer a sinalização utilizando galhos de árvore ou o que tiver na via.
Para finalmente trocar o pneu , veja o manual do carro, que explica o jeito correto para cada modelo, em função das ferramentas que ele dispõe. Se você não souber como trocar o pneu, ligue para o número da rodovia e técnicos vão ajudar.
2- Faltou energia
Aqui, Alexandre alerta que pode ser um problema na parte elétrica do carro. Diante disso, o especialista afirma que se o motor simplesmente apagar, não demore muito para agir. Procure um lugar para encostar ou, se não houver, simplesmente parar onde estiver, pois a direção vai endurecer e o hidrovácuo dos freios não levarão muito tempo até perder a pressão — o que levará, por sua vez, ao endurecimento do pedal também.
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Depois que estacionar, veja se o carro dá a partida novamente. Se der, tente dar umas aceleradas leves na marcha lenta, para ver se a rotação sobre bem. Caso isso aconteça, tente retomar a sua viagem. Se falhar muito, só ande se houver a chance de achar algum lugar melhor para ficar parado com o carro.
Se funcionar o motor falhando muito tempo, isso pode levar à queima de fusíveis, bobina(s) e até o módulo de injeção (em caso de oscilações muito grandes de energia), sem falar dos danos ao motor, pelo fato dele não queimar a gasolina em excesso que está entrando nos cilindros. Se fizer a “chupeta” na bateria (caso o problema seja a perda de carga da mesma), cuidado para não inverter os cabos, algo que danifica a parte elétrica.
3- Acabou a gasolina
Antes de tudo, vale lembrar que isso gera multa média (4 pontos na carteira e R$ 130), se as autoridades o flagrarem. No instante que o carro der a primeira falha, se houver um posto por perto, vá na fé que você deve chegar lá. Se não, encoste. Vale lembrar que não é bom para a vida útil da bomba de combustível o hábito de abastecer quando o ponteiro acusa a reserva.
Ao questionar o especialista sobre a prática de engatar a primeira marcha e usar o motor de arranque para levar o carro para um local mais seguro, Alexandre disse para jamais fazer isso, uma vez que isso aumenta bastante o risco de quebra da correia dentada, algo responsável pela quebra das válvulas e até componentes do bloco, como o pistão. “Quem fizer isso, está assumindo um grande risco”, completa.
4 – Pisei no freio e nada
Isso é bastante comum nas descidas de serra, quando ao invés de utilizar o freio motor (manter o giro mais alto, em marchas mais reduzidas), o motorista opta por ficar com o freio acionado.
Outro agravante é quando o fluído de freio do carro está com a validade expirada, algo que o faz perder as suas propriedades e resistir menos ao calor excessivo do componente, comum em situações como a descrita. Vale lembrar que isso tudo também é responsável por um desgaste prematuro nas pastilhas (ou sapatas) e discos, como lembra o entrevistado.
“Uma vez que você pisou no freio e o carro não respondeu, o ideal é que vá reduzindo as marchas para usar o freio motor e diminuir a velocidade. Se for problema de superaquecimento do freio, ele voltará a responder após alguns segundos, pois o vento o resfriará.
Se não for isso, e sim porque o hidrovácuo está com problema, ou os discos e pastilhas já eram, ou porque o cilindro-mestre também se foi, dirija a uma velocidade baixa o suficiente para usar até o freio de mão, se for preciso. Para evitar situações assim sempre verifique o freio antes de deixar o componente ficar sem ação. Faça sempre revisões anuais no componente”, afirma.
5- Problemas para engatar a marcha
O especialista também nos conta que isso pode ocorrer quando há problemas no cabo seletor (que liga o câmbio na alavanca), no sincronizado do câmbio, e/ou desgaste na caixa de câmbio, e/ou quando a embreagem já está muito desgastada.
O ideal é ver quais marchas engatam, sem insistir naquelas que se negam a entrar, e seguir em frente. Se nenhuma entrar, tente forçar com cautela, indo e voltando no pedal da embreagem, como mais um recurso. Se depois de muita reza, alguma marcha engatar, não volte ao ponto morto.
Vamos dizer que o problema não é o engate das marchas, mas sim a embreagem estar patinando muito. O ideal é se mover com o mínimo de pressão no acelerador possível e em marchas mais altas.
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Isso porque quando mais força você utiliza do motor, menos o componente vai conseguir transmitir o movimento ao câmbio e, consequentemente, às rodas. quando esquentar, vai parar de andar de qualquer jeito esquenta o volante do motor e pode condenar a peça. “Muitos acabam tentando parar o carro nesse tipo de situação de emergência , desligar para aí engatar uma marcha. Isso gera o mesmo problema de quebra da correia dentada do assunto da pane seca”, lembra ele.