O avanço da pandemia do Covid-19 deve jogar 5,4 milhões de brasileiros na extrema pobreza neste ano, segundo estimativas do Banco Mundial. A instituição também prevê retração de 5% no Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2020, a maior em 120 anos.
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Caso o cenário se confirme, o número de pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia no Brasil aumentará para 14,7 milhões até o fim de 2020, e a taxa de pobreza extrema chegaria a 7% da população, o maior patamar de miseráveis desde 2006, quando 7,2% dos brasileiros viviam nessas condições.
Especialistas ouvidos pelo jornal O Globo afirmam que é preciso encontrar meios de amparar os mais vulneráveis para além da oferta de R$ 600 prometida pelo Governo Federal , uma vez que 2020 deve inserir mais pessoas na linha da miséria do que o ocorrido nos últimos cinco anos.
Desde 2014, a informalidade tem dado o tom no mercado de trabalho, e nem mesmo essa possibilidade chegou aos mais pobres. Com isso, a renda ficou estagnada e o PIB per capita retrocedeu ao patamar de 2009, o que só dificultou o combate à extrema pobreza no país.
“Tivemos um desajuste no Bolsa Família . Concedemos o 13º pagamento, mas tiramos mais de 1,1 milhão do programa, e a fila voltou. Embora tivesse uma retomada lenta em curso, essa crise do coronavírus chega num cenário no qual a extrema pobreza avançou 71% desde 2015, após ter caído 73% entre 1990 e 2014. Ou seja, não recuperamos nem o que perdemos”, avalia o economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, em entrevista ao periódico.
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Ou seja: para além de todos os problemas socioeconômicos já enfrentados no Brasil , com a falta de acesso aos programas de incentivos financeiros para esta população, a crise do Covid-19 deve trazer ainda mais problemas. Em um ano, o país pode regredir quase duas décadas.