Desde o início da pandemia do Covid-19, três sintomas têm sido apontados como os principais para a identificação da doença: febre alta, tosse persistente e dificuldade de respirar. Entretanto, com o avanço dos estudos realizados, os médicos estão descobrindo outros “sinais” que o corpo dá para uma possível infecção.
Leia também: Itália: vacina contra Covid-19 será testada em humanos a partir de junho
Segundo especialistas ouvidos pela Kaiser Health News, idosos são o grupo com mais sintomas atípicos, o que dificulta a confirmação do diagnóstico do novo coronavírus (Sars-Cov-2) e o início apropriado do tratamento. Alguns, além de apresentar comportamentos atípicos, como redução de fome e aumento de sono, podem não ter febre, tosse ou dificuldades respiratórias.
Por isso, é preciso estar atendo aos sinais sutis de mudança de comportamento e que podem facilitar a identificação da doença . Além de dormir mais e comer menos, esses idosos podem apresentar confusão, apatia, desorientação e até perder o equilíbrio com mais facilidade. Há relatos, em casos mais severos, até de colapsos.
“Como em muitas doenças, as pessoas mais velhas não reagem da forma típica, apresentando sintomas comuns. Os estudos realizados até o momento mostram que essa condição também se aplica ao Covid-19”, afirma a doutora Camille Vaughan, chefe do setor de geriatria da Universidade Emory.
Leia também: Pandemia do Covid-19 pode gerar desabastecimento de três vacinas no Brasil
Para facilitar essa identificação, o doutor Sylvain Nguyen, geriatra do Hospital da Universidade de Lausanne, na Suíça, está montando uma lista com sintomas típicos e atípicos da doença. Entre os mais incomuns, aparecem letargia, queda na pressão sanguínea, dificuldades para engolir, fadiga, náusea, até dores abdominais e perda de olfato e paladar.
A explicação para isso pode estar na forma como o corpo humano , quando em idade mais avançada, reage à doenças e infecções. “O sistema imunológico pode estar mais fraco e a habilidade de regular a temperatura corporal pode estar comprometida”, afirma o doutor Joseph Ouslander, professor de medicina geriátrica na Colégio de Medicina da Universidade Florida Atlantic.
“Doenças crôncias preexistentes podem mascarar ou interferir nos sinais de infecção. Alguns idosos, seja por mudanças causadas pela idade ou por problemas neurológicos anteriores, podem ter reflexos de tosse alterados. Outros, com questões cognitivas, podem não ser capazes de comunicar os sintomas”, conclui.
Leia também: Ipea: 1,6 milhão de pessoas vivem longe de centros de saúde equipados
Até o momento, os estudos de casos sobre o Covid-19 são preliminares devido ao pequeno campo de análise. Por este motivo, os especialistas ressaltam a importância de reconhecer os “sinais de perigo” o mais rápido possível. Caso isso não aconteça, os idosos podem acabar piorando antes de ter o atendimento necessário.