Afirmou que cobrava apuração do ataque com faca que sofreu durante a campanha eleitoral e reações contra situações da quarentena do coronavírus que considera “absurdos”. Disse estar “decepcionado e surpreso” com o ex-ministro e disse que “não são verdadeiras as insinuações” de que ele pedia informações sobre procedimentos.
Disse que conversou com Valeixo antes da demissão e o ex-diretor da PF concordou com a saída. “Desculpe sr Ministro, o se nhor não vai me chamar de mentiroso.”
Acusou Moro de vincular as mudanças a uma nomeação para o STF (Supremo Tribunal Federal). “Disse ‘o senhor pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo’. Não é assim, reconheço suas habilidades, pode chegar la, é desmoralizante para um presidente ouvir isso, mais ainda externar ou não trocar, que não foi trocado, mas sugerir a troca de dois superintendentes.”
“Uma coisa é admirar uma pessoa. Outra é trabalhar com ela. Tomando café com parlamentares eu lhes disse: hoje você conhecerá pessoa que tem compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil”, disse o presidente.
O pronunciamento foi uma reação ao pronunciamento do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, que pediu demissão ao vivo e apontou condutas irregulares e de interferência do presidente na Polícia Federal (veja aqui).
QUASE IMPLORAR
Respondeu a acusação de interferência pessoal na Polícia Federal. “Oras, se eu posso trocar um ministro porque não posso trocar um diretor da polícia?” E disse que precisou pedir reiteradas vezes e “quase implorar” a apuração do ataque a facada que sofreu durante a campanha.
“A PF de Sérgio Moro mais se preocupou com Marielle que com seu chefe supremo. Entre meu caso e o da Marielle, o meu tá muito menos difícil de solucionar.”
Disse que sempre cobrou informações sobre o trabalho da PF, afirmou que o serviço de Inteligência perdeu espaço com a atuação de Moro e que conversaram sobre esses temas até chegar à demissão de Valeixo.
“Falei que amanhã (hoje) o Diário Oficial publicaria a exoneração do sr Valeixo e pelo que tudo indicava a exoneração a pedido. Ele, o Sérgio Moro, relutou e falou: o nome tem que ser o meu. E eu perguntei por quê? Por que tem que ser o dele e não o meu. E eu lembrei da lei de 2014 de que a indicação é minha, prerrogativa é minha e qualquer dia em que eu tiver que me submeter a um subordinado eu deixo de ser presidente.”
Lembrou a suspeita de envolvimento de sua família no caso Marielle e disse que cobrava da Polícia Federal investigação da acusação feita por um porteiro do condomínio onde mora sobre uma chamada que poderia conectar o presidente ou sua família ao crime.
O presidente disse que alertou Moro antes da posse que todas as nomeações passariam pessoalmente pelo presidente. “Acertamos, como fiz com todos os ministros. Vai ter autonomia no seu ministério. Autonomia não é sinal de soberania. A todos ministros e ele também falei do meu poder de veto: os cargos chaves têm que passar na minha mão. Para todos os ministros foi feito dessa maneira. Mais de 90% dos casos eu dei sinal verde.”
Segundo Bolsonaro, o mesmo foi feito com o diretor da PF, Maurício Valeixo, demitido nesta sexta e pivô da crise para a demissão de Sérgio Moro. Afirmou que foi assim com Valeixo, que era uma indicação de Moro, apesar de a lei prever livre indicação pelo presidente. “Abri mão disso porque confiava no senhor Sérgio Moro. Todos os cargos chaves são de Curitiba. Lógico me surpreendeu.”
Afirmou que Valeixo já havia dito em conferência com superintendentes da PF que gostaria de deixar o cargo e que vinha falando disso com Sérgio Moro. “Comecei a fazer gestões com o ministro para trocá-lo. No dia de ontem conversei com o Sr Sérgio Moro: só eu e ele. Sempre abri o coração pra ele, já duvido que ele sempre abriu pra mim.”
“O que eu quero e o que nós queremos da Polícia Federal: que ela seja usada em sua plenitude, que suas operações sejam no mínimo mantidas, no que depender de mim potencializadas: o combate à corrupção, o combate ao crime organizado.”
QUEIROZ E FAMÍLIA
“Conheco o Queiroz desde 1984. Foi para a Polícia Militar, fizemos amizade, veio trabalhar comigo e com meu filho. O que por ventura ele fez ele responde por seus atos. Não foi por uma foi por duas que ele fez dividas comigo e pagou com cheques. E não foram 24 mil, foram R$ 42 mil.”
“Nunca pedi para blindar ninguém da minha família, jamais faria isso. Agora eu lamento que aquela pessoa que mais tinha que defender dentro de uma legalidade o faz. Teve um clima sim pesado com o senhor ministro na última reunião onde eu tomei dele na frente dos outros ministros, que ele tomasse uma posição sobre a prisão e algema de pessoas na praia, uma mulher na praça em Araraquara, um pobre e humilde trabalhador no Piauí. Ele tinha que mostrar sua cara, tem amparo na lei de abuso de autoridade. A resposta dele foi o silêncio.”