A pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) fechou cidades inteiras e interrompeu o sonho de viagens de muitas pessoas pelo mundo. O iG Turismo conversou com dois brasileiros que planejaram suas férias e, no fim, tiveram experiências diferentes.
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Eduardo Miranda tinha o sonho de fazer um mochilão pela Europa e conhecer diversos países. Começou a planejar em 2018 e decidiu começar por Portugal e terminar na Ucrânia ou Grécia. Ele juntou dinheiro por mais de um ano trabalhando em cruzeiros, mas seus planos foram bagunçados por causa do coronavírus .
“Minha viagem para Portugal estava marcada para o dia 15 de março. A situação lá era bem tranquila, estavam bem no começo da infecção, o país não estava de quarentena decretada. Porém, quando cheguei me deparei com a cidade vazia, pouquíssimas pessoas na rua e tudo fechado”, conta.
“No dia 18 que foi decretado de fato pelo governo a ‘situação de emergência’ e o início da quarentena. Tentei falar com a agência e a companhia aérea diversas vezes, mas só consegui falar com um atendente uma vez, nas outras tentativas somente mensagens automáticas”, detalha.
O tripulante de cruzeiro marítimo não quis desistir da viagem porque a companhia pela qual viajaria, a AirEuropa, não estava disposta a devolver o dinheiro e revela que não se arrepende, mesmo não conhecendo nada do que tinha planejado.
“Poderia ser um desastre, mas consegui me divertir muito. Fiquei num hostel muito amigável e que tinha uma galera com o estilo de vida bem parecido com o meu. Pessoas da Itália, Tunísia, Grécia, Brasil, República Tcheca e Inglaterra”, fala Eduardo.
“Apesar das diversas nacionalidades estava bem ‘vazio’. Como não podíamos sair para passear, ficávamos o tempo todo no hostel conversando, bebendo, assistindo a filmes, ouvindo música e dançando. Era um ambiente perfeito pra fazer amizades e trocar experiências e com o passar dos dias ficamos bem próximos e todo mundo se uniu para ajudar uns aos outros”, diz.
Depois de 34 dias dentro da hospedagem, saindo apenas para ir ao mercado, Eduardo conseguiu com o consulado brasileiro um voo de retorno para São Paulo.
No aeroporto ele conta que não teve orientações sobre fazer quarentena ou mais cuidados com o novo coronavírus “Não havia nenhuma informação. Só checagem de temperatura e depois fomos para as esteiras de bagagem e para a saída. Haviam pouquíssimos funcionários no aeroporto”.
Apesar do perrengue, Eduardo pensa em refazer o itinerário inicial do mochilão pela Europa daqui alguns anos.
A viagem que não saiu do papel
Diferente de Eduardo, que conseguiu viajar para o seu destino inicial, Karla Gaban viu o seu sonho de viajar com um amigo para Austrália, Bali, Thailândia e Nova Zelândia ser adiado de forma trágica.
Planejando desde 2019, a farmacêutica achou mais seguro parar de pesquisar sobre o roteiro quando a situação da pandemia começou a se agravar. “Já tinha todas as passagens compradas e os vistos, mas assim que começou a pegar mais forte o coronavírus nos lugares, paramos de reservar as coisas”, comenta.
O prejuízo financeiro não foi tão grande. Duas das passagens compradas serão estornadas e, as companhias menores, disponibilizaram créditos ou opção de remarcação. Com os sonhos interrompidos pelo coronavírus , Karla ainda quer fazer o itinerário, mas não tem noção de quando.
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“Penso em refazer, mas não sei se vou conseguir por questão de férias. Não é fácil conseguir programar uma viagem longa com outra pessoa, porque são muitos fatores”, explica.