O governador do Estado de São Paulo, João Doria, transforma em palanque o que deveria ser um honroso espaço de união, superação e salvação de vidas. E nós estamos pagando essa conta.
Digo desde já. O comércio e prestação de serviços em Marília devem e precisam ser retomados por questões de saúde, de proteção social e de dignidade humana, que são, afinal, cuidados com a vida. Tudo pode ser feito de forma controlada.
Assim como diz ouvir tantos especialistas, o governador deveria dar atenção para propostas técnicas de retomada da economia com medidas de prevenção e proteção a maiores de 60 anos, portadores de doenças e outras situações de risco.
Quando não interessa ignora análises técnicas que poderiam dar à dignidade humana um alento.
Tanto quanto medidas impactantes, a crise do coronavírus produz diariamente discursos e um jogo político, que, nos casos de Marília e região não encontram respaldo em dados.
Poucos casos, poucos óbitos, sobra de leitos e de equipamentos são acompanhados por desemprego, fome e quebradeira, à quilômetros e quilômetros do epicentro e dos pontos de congestionamento da saúde.
Alô governador, junte aí aos seus números e discursos a informação do número de empresas quebradas, do número de empregos perdidos, dos salários reduzidos, dos servidores e aposentados que vão ficar sem salários em nossa Marília, dos fornecedores que não vão receber e que em efeito cascata vão deixar de pagar e consequentemente vão demitir.
Chega de pronunciamentos oficiais em que se gasta mais tempo fazendo discurso político que anunciando ou explicando as medidas, seus impactos e as soluções.
O governador que todo santo dia fala do presidente não consegue dar aos desempregados e falidos uma solução em virtude das medidas tomadas. “Vai passar”, diz o governador, como se conversasse com crianças.
Decretar é fácil. Decreta-se à vontade, de forma inconstitucional e autoritária. A bola da vez são máscaras obrigatórias e os prefeitos que fiscalizem.
Governador, as prefeituras não têm fiscais, não têm servidores, não têm veículos, não têm dinheiro NEM PARA PAGAR SALÁRIOS. GOVERNADOR, ACORDE!
E agora estende a sombra do isolamento baixo sobre cidades que ficarão sem mudanças na quarentena. É a versão “e daí” do governador. A ele pouco importa se a cidade tem poucos casos e sobra na saúde enquanto a economia afunda com danos irreparáveis.
De nada adianta anunciar “milhões” em empréstimos para os quais muitas empresas nem conseguem acesso e com valores que são ridículos frente ao volume que deixa de circular no comércio.
O emprego, o salário, a arrecadação das prefeituras estão caindo em velocidade maior que a propagação do vírus.
Mas admitir a responsabilidade por este rombo não deve pegar bem no discurso oficial, não é mesmo governador? Tenha a decência de ser o homem público para o qual foi eleito.
Enquanto produz mapas e estudos da epidemia em ritmo industrial, a equipe da destruição encabeçada pelo governo se cala em frente a um apagão de dados econômicos.
Junto a isso estão gastos milionários com a crise sem a devida fiscalização e acompanhamento. E um mar de hipocrisia que as poucas informações revelam.
Governador, fale mais sobre a compra de respiradores e o motivo pelo qual não pagou menos para usar um protótipo desenvolvido em São Paulo pela USP.
Dúvidas a mais: a quem serve essa postura? A seus candidatos na capital e grandes centros? A sua própria candidatura de 2022? Perdão, mas acho que a estratégia deu errado.
Governador, o palanque está fazendo mal ao senhor e ao Estado. É hora de descer.
Pedro Pavão, comerciante, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Marília e Região.